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As precauções de voo incluem lenços umedecidos e – eficaz ou não – um purificador de ar | Monica Almeida/The New York Times
As precauções de voo incluem lenços umedecidos e – eficaz ou não – um purificador de ar| Foto: Monica Almeida/The New York Times

Para combater os germes dentro do avião, a consultora da Boeing, Arlene Sheff, usa um purificador de ar individual ao redor do pescoço. Ao longo dos anos, ela já queimou vários deles.

"O que me preocupa no avião é o ar. Não sei se ajuda a evitar os germes, mas uso por precaução."

Com a chegada da temporada de gripe – sem contar a ameaça do ebola – os passageiros podem até começar a questionar se não estão flutuando em uma verdadeira placa de cultura bacteriana a 12 mil metros de altura. Segundo os especialistas médicos, a resposta é não, mas há medidas sensatas que o viajante pode tomar. E, na verdade, o maior risco não está no ar que se respira na cabine, mas sim nas superfícies que toca.

Para Garth Ehrlich, professor de Microbiologia e Imunologia da Universidade Drexel, na Filadélfia, um pequeno frasco de antisséptico à base de álcool já ajuda bem. "As superfícies podem ficar contaminadas porque são elas que recebem o contato das mãos humanas", explica, em referência às mesas e botões nos descansos de braço.

Em testes com componentes reais de um avião, os pesquisadores da Universidade de Auburn, no Alabama, reproduziram a temperatura e a umidade do interior da aeronave e descobriram que a MRSA e a E. coli vivem vários dias nessas superfícies.

As bactérias são transferidas mais facilmente de superfícies não-porosas, como as mesas de plástico e as válvulas de metal da descarga, mas vivem mais tempo nas porosas, como os assentos.

As primeiras são mais fáceis de limpar, afirma James M. Barbaree, o microbiólogo que conduziu o estudo. "É mais difícil elas penetrarem em materiais porosos. Um dos principais focos de sobreviventes é o bolso na parte de trás do assento", diz ele. Ali, a MRSA viveu uma semana; a E. coli sobreviveu no descanso de braço quatro dias.

Embora o público em geral suspeite que o ar reciclado que respira na cabine espalhe germes, Richard Aboulafia, analista de aviação da Teal Group Corporation, diz que não é bem assim. "Não tem nada a ver com a aeronave, nem com a forma como o ar é tratado."

O ar que circula dentro do avião é uma mistura da versão comprimida recolhida de fora e da filtrada, ou "recirculada". "Ele passa por filtros HEPA, que retiram todas as impurezas. O objetivo é fazer uma filtragem praticamente integral, pois os germes podem ‘pegar carona’ nas partículas soltas no ar", explica Aboulafia.

As companhias aéreas dizem ter protocolos de limpeza para evitar patógenos que espalham doenças. E os especialistas afirmam que se sentar ao lado de uma pessoa doente é um risco maior que qualquer mesa ou descanso de braço contaminado. "Para alguém com um sistema imunológico normal, eu diria que o risco é leve", diz Garth Ehrlich.

Kay Leibowitz, dona de uma papelaria, viaja a negócios algumas vezes por ano.

"Quando entro no avião, abro meu pacotinho de lenços umedecidos e limpo o assento, o descanso de cabeça, o de braço, o cinto, as bandeja – tudo que alguém pode ter tocado antes de mim", garante ela.

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