No Butão, basquete é esporte da realeza

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Faltando segundos para o fim da partida, a rainha do Butão deu dois dribles e três passadas longas antes de fazer um ponto real.

A última cesta da rainha Jetsun Pema Wangchuck foi apenas uma das 17 que fez durante um jogo amistoso de basquete com nove outras mulheres. Aqui, o basquete é o jogo dos reis e rainhas.

Na verdade, a rainha de 23 anos, que joga quase todos os dias, é surpreendentemente boa. Suas estatísticas no jogo ficaram em 34 pontos, 3 rebotes e 4 assistências. (Contudo, não podemos nos esquecer de que o costume butanês que proíbe os cidadãos de tocarem os membros da família real sem convite parece se estender também à quadra.)

"Se eu soubesse que vocês contariam, teria jogado mais duro", afirmou rindo. O marido da rainha, o rei Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, seu irmão e dois meios-irmãos também jogam com frequência. Porém, após décadas como um esporte reservado à realeza, o basquete está prestes a se popularizar no país.

Um técnico sul-coreano foi contratado para montar a seleção nacional, que muitos esperam um dia possa desafiar os vizinhos no sul da Ásia e além. O Butão tentou muitas vezes ganhar uma partida internacional, mas exceto por uma única vitória em um campeonato de times de três jogadores, o país nunca venceu.

O principal problema do Butão é a altura das pessoas. Poucos entre os 742.000 habitantes desse país têm mais de 1,80 metro. A rainha tem 1,65, e o marido e os cunhados não são muito maiores. É muito raro ver uma enterrada.

"E eu não acho que nossas cestas sejam fortes o bastante para aguentar muitas enterradas", afirmou Paljor Dorji, de 70 anos, que aprendeu a jogar basquete com os jesuítas canadenses de Darjeeling, na Índia. Ele é visto por muitos como a pessoa responsável por trazer o basquete para o Butão e por fazer a família real se apaixonar pelo esporte.

Há quem diga que, quando se trata de basquete, é impossível ensinar alguém a ser mais alto, e Kiyong Kim, o novo técnico da seleção butanesa, afirmou que não planeja tentar. "Para resolver o problema da altura dos jogadores, vou tentar ensiná-los a ter um estilo de jogo mais veloz", afirmou Kim. "Nós precisamos de uma defesa mais forte."

A realeza do Butão é mais conhecida por atirar a bola de forma entusiasmada do que por defender o campo com vigor. O quarto rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck, aposentado e atualmente conhecido como K4, de 57 anos, joga todos os dias, e reza a lenda que chegou a fazer 65 cestas de três pontos em um único jogo.

O rei atual, conhecido como K5, sabe arremessar com as duas mãos enquanto salta, e dizem que suas jogadas de ataque são praticamente indefensáveis. Mas quando se trata da defesa, isso simplesmente não faz parte das habilidades do rei.

A rainha Wangchuck conta que joga basquete desde os 9 anos de idade.

"Para mim, o basquete se tornou uma ótima forma de encontrar outras garotas e de conversar com elas de maneira informal", contou.

Então, uma jogadora que havia acabado de tentar bloquear uma bola arremessada por sua majestade abriu a porta do Toyota Prius real e se curvou enquanto a rainha entrava no carro e era levada embora.