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Fragmentos de avião | Damon Winter/The New York Times
Fragmentos de avião| Foto: Damon Winter/The New York Times
  • Aço da fachada da torre norte
  • Destroços de um caminhão de bombeiro usado naquele dia

O National September 11 Memorial Museum, no marco zero em Manhattan, oferece uma experiência forte – embora esse novo museu tenha lembrado um desastre em formação, a começar por sua identidade.

Seria ele principalmente um documento histórico, um monumento aos mortos ou uma atração turística no estilo de um parque temático? Quantos museus históricos são construídos ao redor de um repositório ativo de restos humanos, ainda sendo somados? Quantos cemitérios cobram US$24 de entrada e vendem camisetas? Quantos parques temáticos levam seus visitantes às lágrimas?

Porque é isso que o museu faz. Ele é emocionalmente devastador, particularmente – eu espero – aos nova-iorquinos que estavam na cidade naquele dia apocalíptico em 2001, mas quase certamente aos dois bilhões de pessoas no mundo todo que acompanharam o horror pela televisão, pelo rádio e pela internet.

Questões de angústia e irritação sobre o museu, levantadas pelas famílias de algumas das 2.983 pessoas que morreram em 11 de setembro de 2001, e no ataque de 1993 ao World Trade Center, foram amplamente divulgadas. Debates sobre propósito, propriedade e protocolo ainda estão no ar. Mas o museu que emergiu é fiel a seu objetivo: contar a história do 11 de setembro sobre as rochas do marco zero.

Enquanto o National September 11 Memorial – duas bacias de granito com água em cascata que preenchem o local das torres gêmeas – pode ser visto de uma praça na rua, o museu é subterrâneo. A maior parte dele, cerca de 10 mil metros quadrados de espaço de galeria, ficam 21 metros abaixo do solo, onde a fundação das torres encontrava o xisto de Manhattan.

O drama começa num pavilhão de entrada entre as fontes. Projetado pelo escritório de arquitetura norueguês Snohetta, trata-se de uma caixa de vidro inclinada, como um prédio que tomba. O átrio de madeira é atmosfericamente neutro, mas oferece uma vista inconfundível: duas das imensas colunas de aço que formavam a principal característica na fachada das torres gêmeas.

Antes cobertas de alumínio, hoje enferrujadas, o par sobreviveu ao colapso da torre norte. Olhando de uma sacada, é possível acompanhar suas linhas mergulhando vários andares para baixo, a direção que você toma para a segunda área. Projeções de mapas globais e rostos arrasados forram o caminho. Sons gravados desempenham um importante papel. Assim como a escala. Você emerge da opressiva nuvem sonora a uma plataforma com vista para um amplo espaço e um monólito arqueológico: uma parte exposta da parede do World Trade Center, com 18 metros de altura. Essa barreira de concreto moldado era, e ainda é, a barreira entre o centro comercial e o Hudson River. Quando as torres gêmeas desabaram, houve temores de que a parede cederia, inundando o local. Mas ela aguentou, e foi rapidamente apontada como um símbolo de força e resistência.

O projeto interior do museu, do escritório nova-iorquino Davis Brody Bond, preserva esse tipo de pensamento metafórico. No final de uma longa rampa descendente, os visitantes podem se dirigir a uma suave exposição em homenagem aos mortos ou a uma vívida evocação dos eventos em si. Fotos de quase 3 mil pessoas cobrem as paredes de uma galeria. Cerca de 14 mil restos mortais – ainda não identificados ou reclamados – continuam, invisíveis, num repositório adjacente, a pedido da maioria das famílias.

A exposição maior usa gravações, fotografias e centenas de objetos para documentar os acontecimentos daquela terça-feira.

Alguns são devastadores: gravações de últimos telefonemas; fotos de bombeiros condenados entrando em ação; vídeos de vigilância dos sequestradores passando pela segurança do aeroporto. Certos materiais, como fotos de pessoas saltando das torres, estão dentro de alcovas com notas de advertência. As centenas de pequenos itens pessoais podem chocar, e transformar a experiência de caminhar por este museu em algo ao mesmo tempo teatral, voyeurístico e religioso.

Neste relato, os anjos são muitos e heróicos. Os demônios, poucos e vis – um grupo de radicais islâmicos, como são identificados num filme sem contexto chamado "The Rise of Al Qaeda".

A narrativa não é tão errada, mas drasticamente incompleta. É uma história útil, e não profunda; notícia, e não análise.

Mesmo assim, dentro de sua estreita perspectiva, o museu conseguiu algo poderoso. E, ao abordar a realidade de que sua história é tanto sobre política global quanto sobre arquitetura, sobre uma época belicosa e um evento violento, ele poderia aprofundar todas as nossas ideias sobre política, moralidade e devoção.

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