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Jon Payson e Naomi Josepher buscaram ajuda financeira para mudar o endereço de sua loja | Michael Kirby Smith para The New York Times
Jon Payson e Naomi Josepher buscaram ajuda financeira para mudar o endereço de sua loja| Foto: Michael Kirby Smith para The New York Times

Depois de nove anos no Brooklyn, a loja "Chocolate Room", um lugar popular para quem busca vinhos, bolos, doces e cafés enfrentou um aumento absurdo de mais de 500 por cento no preço do aluguel.

Os donos do café, Naomi Josepher e Jon Payson, decidiram abandonar o espaço e começar a pensar em como pagar os 200 mil dólares necessários para a mudança. O casal ainda está pagando pelos empréstimos que fizeram para abrir a loja. Por isso, aceitaram as sugestões dos clientes, e começaram uma campanha de crowdfunding no Kickstarter.

No terceiro dia, a loja já havia conseguido mais de 1 mil dólares dos 40 mil que tentavam arrecadar.

Foi então que a resistência começou. "Tem alguma coisa que me parece um pouco... errada em pedir para que os clientes ajudem a loja a crescer", afirmou uma das pessoas no site. "Será que isso é legal?"

"Nem um pouco", foi o veredito avassalador.

À medida que as plataformas de financiamento se tornam mais comuns na internet, nunca foi tão fácil para os comerciantes pedirem dinheiro aos clientes –, mas será que essa é uma boa ideia?

O Travail Kitchen & Amusements, um restaurante em um subúrbio de Minneapolis, Minnesota, se tornou um bom exemplo dessas preocupações quando completou uma campanha extremamente bem sucedida no Kickstarter em outubro. Em busca de 75 mil dólares para mudar de endereço e aumentar o restaurante, o Travail conseguiu quase o dobro disso em 24 horas.

"Eu não entendo", afirmou o colunista local, Jon Tevlin, no jornal The Star Tribune. Por que tantas pessoas estariam dispostas a subsidiar uma empresa privada com fins lucrativos, questionou.

O dinheiro arrecadado por meio de sites como o Kickstarter é basicamente uma doação. Os criadores buscam fundos para um projeto e geralmente oferecem bens ou serviços em troca, mas as pessoas que apoiam os projetos não passam a ser donas do empreendimento.

Tevlin afirmou que sua coluna atraiu reações mistas. Os leitores mais jovens tendem a ver isso "como uma contribuição para a cultura local, quase como doar dinheiro ao instituto de artes da cidade", afirmou.

Porém, o dinheiro arrecadado através do site não vem de graça. O Kickstarter fica com cinco por cento do total arrecadado, e as taxas de processamento do cartão de crédito ficam com outros cinco por cento. Além disso, as pessoas que investem o dinheiro geralmente recebem descontos ou presentes em troca.

"Nós a colocamos como uma ferramenta de engajamento com a comunidade", afirmou Megan Leafblad, do Travail. "Sim, estávamos em busca de dinheiro, mas também queríamos criar uma comunidade de pessoas em torno da ideia".

Mais da metade das campanhas do Kickstarter não atinge seu objetivo. Quando isso acontece, todas as doações são canceladas. Foi assim que acabou a campanha da Chocolate Room em novembro. Ela conseguiu 9.647 dólares de 63 apoiadores.

Josepher, que disse não se arrepender de ter tentado, conseguiu um empréstimo de um investidor privado para cobrir parte dos custos da mudança. O resto virá das outras fontes.

Alguns sites de crowdfunding, como o Indiegogo, permitem que os criadores fiquem com o dinheiro que arrecadarem, mesmo que o projeto não vá adiante.

Isso ajudou o Krazy Jim’s Blimpyburger, um restaurante de 60 anos, em Ann Arbor, Michigan, que perdeu no ano passado seu contrato de locação. A empresa familiar, que fechou as portas em agosto, tenta conseguir os 330 mil de que precisa para se mudar e abrir novamente as portas no verão deste ano. Emily Magner ajudou os pais a organizarem diversos eventos de arrecadação de fundos, incluindo uma campanha no Indiegogo.

A campanha do restaurante, que terminou em janeiro, arrecadou 20.396 dólares, de um total de 60 mil.

Magner afirmou que sua família considerou isso um sucesso: "Cada uma das 462 contribuições foi um voto de confiança".

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