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Diogo Morgado | Divulgação
Diogo Morgado| Foto: Divulgação

Quando o ídolo das matinês Jeffrey Hunter estrelou em 1961 a versão de "Rei dos Reis", críticos contrariados afirmaram que "eu era um Jesus adolescente". Quando "A Última Tentação de Cristo" foi exibido em Paris em 1988, com Willem Dafoe no papel do Messias confuso, o cinema foi incendiado. Tanto em "O Manto Sagrado" (1953) e "Ben-Hur" (1959), Jesus era um dos personagens, mas seu rosto nunca foi mostrado – por respeito ou, talvez, por precaução.

Filmar a Paixão de Cristo é uma tarefa perigosa e o mesmo vale para a escolha do ator que interpreta o personagem que milhões de cristãos consideram divino. Há pouca dúvida de que "O Filho de Deus", que começará a ser lançado nos EUA e na Inglaterra atrairá certo grau de análise, uma vez que o filme devolve Jesus ao circuito do cinema pela primeira vez em uma década.

O ator português Diogo Morgado, que possui mais que uma semelhança fortuita com Brad Pitt, interpreta o papel principal. Sua aparência certamente testará a paciência dos historiadores, que afirmam que Jesus provavelmente tinha a pele mais escura que a do belo Morgado, que inspirou a hashtag #hotjesus no Twitter.

"É claro que é um elogio", afirmou Morgado, "mas eu não quero que isso nos afaste do que tentamos alcançar. A melhor história é aquela que atrai mais pessoas. Se a mensagem de Jesus era o amor, a esperança e a compaixão, e eu puder levar isso a mais pessoas por ser um Jesus mais atraente, fico feliz com isso".

A escolha do ator foi obvia para os principais produtores do filme, Mark Burnett, criador dos programas de TV "Survivor" e "The Voice", e sua esposa, a atriz Roma Downey ("O Toque De Um anjo"). Juntos eles fizeram "A Bíblia", a minissérie transmitida em 2013 pelo History Channel que deu origem a "O Filho de Deus".

A ideia para o filme surgiu durante a filmagem de "A Bíblia", a terceira série mais assistida na TV a cabo americana no ano passado. Enquanto reviam as cenas, Burnett afirmou que Downey "percebeu como essas imagens de Jesus eram incríveis com Diogo". O produtor acrescentou: "Roma disse que deveríamos fazer um filme. Então, decidimos que deveríamos fazer a filmagem de forma que pudéssemos reaproveitá-la para o filme. Foram necessários 12 meses de edição para que a história de Jesus fosse transformada em um filme de duas horas".

Demorou algum tempo até que encontrassem Morgado. Faltavam semanas até o início da filmagem de "A Bíblia" e o papel ainda não havia sido preenchido. "Queríamos um ator forte e carismático, que também pudesse ser um carpinteiro", afirmou Downey a respeito de Morgado. "Ele tinha uma presença forte e uma humildade natural. Nós realmente estávamos à procura de alguém capaz de representar o leão e a ovelha".

A escolha do ator para interpretar Jesus já passou por um pouco de tudo, desde que um homem chamado Frank Russell apareceu em "The Passion Play of Oberammergau", da Edison Manufacturing Company, em 1898. Momentos de maior fama incluem a interpretação solene de Max von Sydow, em "A Maior História de Todos os Tempos" (1965); H. B. Warner (52) no filme mudo de Cecil B. DeMille, "O Rei dos Reis" (1927); a performance intensa de Robert Powell na popular produção para a TV dirigida por Franco Zeffirelli, "Jesus de Nazaré" (1977); e o trabalho de Jim Caviezel em "A Paixão de Cristo" (2004), dirigido por Mel Gibson, o mais controverso dos filmes sobre Jesus.

"Não houve nenhuma grande reação negativa à escolha ou à atuação de Jim Caviezel", afirmou Bob Berney, presidente da Newmarket Films, que cuidou da distribuição do filme de Gibson. "O público e os críticos estavam muito mais preocupados com o diretor".

O reverendo Robert E. Lauder, professor de Filosofia da Universidade de St. John, em Nova York, realiza festivais de filmes religiosos desde 1992, e afirmo que, ao menos do ponto de vista da Igreja Católica Apostólica Romana em relação à representação de Jesus, "o único critério que pode existir é o de que Jesus seja representado com respeito".

O rosto de Morgado pode contribuir para a boa fortuna de "O Filho de Deus". O mesmo deve ocorrer pela iniciativa de solicitar orientação de um grupo de conselheiros ecumênicos que incluíram dois arcebispos católicos, o pastor evangélico Rick Warren, e o diretor da Liga Antidifamação, o grupo judaico antidiscriminacão.

"Tentamos mostrar os problemas daquele momento histórico", afirmou Burnett, e o medo dos romanos no Sinédrio, pois tinham o poder de fechar o templo e matar milhares de pessoas".

Ele afirmou que a intenção era narrar uma história que fosse fiel aos evangelhos, mas que também exibisse o terror.

"Em certo momento, os romanos estavam crucificando 500 judeus ao dia", afirmou Burnett. "Pôncio Pilatos foi o quarto governante romano em 20 anos. É preciso saber que ele não queria essa posição. Isso era o equivalente a enviar alguém para ser embaixador dos EUA no Afeganistão nos dias de hoje. Sob muitos aspectos, "O Filho de Deus" é um thriller político".

Quando disseram que era difícil fazer um thriller quando todo mundo já conhece o fim da história, o produtor riu. "É verdade", afirmou, "é um pouco como o ‘Titanic’".

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