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Os planos de revitalização de uma cidadezinha no Arkansas incluem a contratação de um chef jovem em Memphis para reabrir um café | William Widmer para The New York Times
Os planos de revitalização de uma cidadezinha no Arkansas incluem a contratação de um chef jovem em Memphis para reabrir um café| Foto: William Widmer para The New York Times

As cidadezinhas agrícolas dessa região algodoeira geralmente são pontilhadas de silos de grãos meio enferrujados e armazéns de madeira, mas Wilson se destaca por seus edifícios em estilo Tudor, pelos balcões de mármore de Carrara de seus bancos, por uma mansão em estilo francês com pinturas impressionistas e casinhas de cachorro com ar condicionado.

Isso porque já foi a cidade empresa mais importante do sul dos EUA, fundada sobre 160 quilômetros quadrados de terras férteis cuja maior parte já foi controlada por Lee Wilson. Ele fez fortuna à custa dos arrendatários e modernizou a agricultura sulista. Durante 125 anos, sua família foi dona da cidade. Os prédios Tudor foram erguidos depois que um de seus filhos voltou da viagem de lua-de-mel para a Inglaterra, nos anos 20. O clã era dono da loja, do banco, das escolas e do descaroçador de algodão, chegando ao cúmulo de cunhar sua própria moeda para pagar os milhares de funcionários que viviam em sua propriedade. Desde que foi incorporada, nos anos 50, sempre houve um membro da família na Prefeitura.

Agora a cidade, cuja população é de 905 pessoas, está sob nova direção, que pretende transformá-la em referência de arte, cultura e educação. O homem que a comprou é Gaylon Lawrence Jr, de 52 anos, dono de mais de 66 mil hectares em Illinois, Missouri, Arkansas e Mississippi; cinco bancos; a maior distribuidora particular de aparelhos de ar condicionado do mundo e uma fábrica enorme de suco de laranja na Flórida.Há tempos Lawrence andava de olho nas terras de Wilson, um dos maiores trechos agrícolas contíguos do delta, alimentado pelo rio Mississippi. Em 2010, ele finalmente a comprou por US$110 milhões. "Olho a minha volta e penso em como conseguir ser um agente catalisador", confessou Lawrence em entrevista concedida em uma de suas casas.

Para administrar a transformação ele contratou John Faulkner, gerente efetivo da cidade, historiador e assessor cultural — que, por sua vez, já convenceu as operadoras a melhorar o serviço de telefonia móvel, pintou os edifícios no estilo Tudor da praça de verde e limpou os arvoredos.

A seguir, trouxe um chef jovem da vizinha Memphis para reabrir o café, prometendo em troca uma propriedade onde cultivar seus próprios ingredientes. "Um bom café é essencial em qualquer cidade", afirma Faulkner.

Há planos de abrir uma pequena escola particular para educar os filhos dos agricultores que mostrem potencial; um museu será inaugurado em 2016, perto da praça principal, no primeiro prédio novo construído ali em mais de 50 anos.Embora a distância entre uma cidadezinha do Arkansas e um centro regional de renovação e cultura seja abissal, a mulher de Lawrence, Lisa, garante que ele é um homem paciente.

"Se não conseguir reerguer essa cidade, vai morrer tentando", revela.

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