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 | Andrea Wyner
| Foto: Andrea Wyner
  • Joop van Caldenborgh em seu jardim de esculturas modernas, refletido no

Duas vezes por ano, o colecionador de arte holandês Joop van Caldenborgh se arma de produtos de limpeza (e numerosa equipe) e passa o dia nos jardins de sua propriedade de 20 hectares nos arredores de Haia. Sua missão: manter limpo e vibrante o conteúdo precioso do jardim. Não as plantas, mas o nu de bronze maciço de Henry Moore, os cogumelos de fibra de vidro laqueado de Sylvie Fleury, os enormes pés de bronze de Tom Otterness e cerca de 60 esculturas modernas que enchem a área. Parques de escultura particulares são relativamente raros, especialmente na Europa. E inicialmente van Caldenborgh, de 73 anos, não tinha planos de abrir ao público o parque, ao qual chama de Clingenbosch.

Na verdade, ele não tinha nem mesmo planos para um parque de escultura. "Comprei a propriedade em 1988", disse ele, durante recente visita a Nova York. O jardim, que havia sido projetado em 1912 por Jan David Zocher, paisagista holandês, não era de seu agrado. "Era como Versalhes: com sebes simétricas e bem cuidadas". Van Caldenborgh começou adicionando caminhos sinuosos e lagoas. E então um dia, "quando passeava pelo bosque, pensei que seria bom ter uma escultura aqui", ele disse. "Eu só tinha algumas peças; então coloquei-as lá e gostei".

Em pouco tempo, começou a comprar mais esculturas. Convidou alguns amigos para uma turnê e a notícia se espalhou. "Me vi guiando o tour pelo jardim quatro vezes em um fim de semana", disse ele. Agora 20 curadores conduzem os passeios. "Jardins de esculturas podem ser como zoológicos em que espécies diferentes são forçadas a coabitar", disse o escultor britânico Antony Gormley, cujo trabalho está em exposição aqui. "Mas Joop permitiu que cada trabalho tivesse sua própria zona, então não há nada para desviar sua atenção da peça". A instalação de uma obra de arte em sua própria zona nem sempre é fácil. "Eu tinha terminado o molde de gesso de uma grande peça chamada ‘Still Leaping’, um grupo de formas de esféricos baseadas no conceito de espaço deslocado por uma figura pulando", disse Gormley, quando van Caldenborgh visitou seu estúdio de Bruxelas e comprou a versão final em ferro. "Ela pesa cinco toneladas, e nunca imaginei que encontraria um comprador".

Levá-la para Clingenbosch exigiu um caminhão para colocar placas de aço pelo parque, para que então um segundo caminhão carregando a escultura não afundasse no chão por causa de seu peso. E foi preciso um guindaste para erguê-la e posicioná-la no espaço forrado de concreto que seria seu suporte. A paixão de van Caldenborgh pela arte remonta à sua adolescência, quando começou a fazer visitas semanais ao Gemeentemuseum. Comprou seu primeiro quadro aos 17 anos. "Acho que era um Peter Struycken", ele disse. "Paguei cerca de 25 florins, ou US$ 11". Hoje, o trabalho do artista é muito conhecido.

"Você começa a comprar, e então se torna um colecionador", observou ele. "Não é necessário dinheiro. É preciso sentimento". Agora, quando sai de sua biblioteca, van Caldenborgh olha através de uma casa de vidro feita por Dan Graham, e vê as árvores que emolduram o gramado. Ali perto estão os dois conjuntos de caixas de fibra de vidro laqueado de Julian Opie, cada um disposto de forma diferente.

Como é viver em um jardim repleto de arte? "Minha mulher, Charlotte, passeia com nosso cachorro," ele disse com tristeza. "Mas eu mal tenho tempo. Estou sempre muito ocupado".

No momento, ele se dedica ao museu que está planejando abrir em frente à sua casa, no ano que vem, e que irá abrigar de 300 a 500 obras de artistas modernos como Jeff Koons, Damien Hirst e Ai Weiwei. Também haverá esculturas.

Agora que entregou o controle de sua empresa de produtos químicos, a Caldic B.V., a seu filho, seu foco é a coleção.

"O mundo dos negócios concentra-se nas negociações e nos clientes", disse van Caldenborgh. "É interessante, mas as conversas com artistas lhe dão uma visão diferente da vida. O mundo da arte é muito mais divertido".

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