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 | Fotografias de Dan Koeck para The New York Times
| Foto: Fotografias de Dan Koeck para The New York Times
  • Grãos como o milho, no topo, se acumulam. Pedidos estão sendo cancelados agora que mais trens são dedicados ao transporte do petróleo. Um comboio de petróleo em Fargo

O ritmo furioso da exploração de energia em Dakota do Norte está criando uma crise para os agricultores cujos carregamentos de grãos acabam atrasados por um grande movimento do petróleo via trilhos, causando milhões de dólares em prejuízos e retardando a produção de gigantes dos cereais como a General Mills. O atraso só tende a piorar, mesmo agoram, diante da expectativa de um recorde da colheita de trigo e de soja.

"Se não conseguirmos dar vazão a essa mercadoria logo, perderemos grande parte", disse Bill Hejl, que cultiva soja e trigo em uma pequena cidade perto daqui.Embora o crescimento do setor energético em Dakota do Norte tenha diminuído o índice de desemprego para 2,8 por cento, o menor nos EUA, o aspecto negativo tem sido momentos mais difíceis para os agricultores que há muito eram os pilares da economia do estado. A agricultura foi a indústria número um por lá durante décadas, representando 25 por cento da sua base econômica, mas as estatísticas recentes mostram que o petróleo e o gás se tornaram os maiores contribuintes para o PIB do estado.

As ferrovias há muito são a espinha dorsal do sistema de transporte de Dakota do Norte e o meio mais confiável para os agricultores transportarem a colheita. Ela segue para portos em Portland, no Oregon, Seattle e Vancouver, de onde sai a maior parte dos grãos para a Ásia, e para os portos da Costa Leste como Albany, em Nova York, de onde eles são enviados para a Europa. Porém, os relatórios enviados ao governo demonstram que na semana encerrada em 22 de agosto, a ferrovia de Burlington ao Norte de Santa Fé (BNSF na sigla inglesa) – a maior ferrovia de Dakota do Norte – tinha um atraso de 1.336 vagões aguardando o envio de grãos e de outros produtos. Outra ferrovia, a Canadian Pacific, tinha um atraso de quase 1.000 vagões.

Para os agricultores, esses atrasos quase sempre se traduzem em pedidos cancelados por parte das gigantes do ramo alimentício que não podem esperar semanas ou meses pelos grãos que precisam para fabricação de cereais, pães e uma série de outros produtos. Os funcionários do Departamento de Agricultora dos Estados Unidos recentemente disseram que estavam particularmente preocupados com a Canadian Pacific, que não conseguiria cumprir os quase 30.000 pedidos de vagões dos agricultores e de outros antes de outubro.

"Esse atraso nas ferrovias é um problema nacional", disse a Senadora Heidi Heitkamp de Dakota do Norte. "A impossibilidade dos agricultores de levarem esses grãos ao mercado não é um problema apenas para a agricultura, mas também para as empresas que produzem cereais, pães e outros produtos". Um estudo recente conduzido pela Universidade Estadual da Dakota do Norte por solicitação de Heitkamp revelou que o congestionamento nos trilhos poderia custar aos agricultores mais de 160 milhões de dólares, porque um excesso no fornecimento de grãos na região baixou os preços.

O estudo também descobriu que os fazendeiros perderiam 67 milhões de dólares na renda do trigo, do milho e da soja de janeiro a meados de abril. Estima-se que haverá cerca de mais 95 milhões de dólares em prejuízos caso o restante da colheita não consiga ser transportado.

As empresas do ramo alimentício afirmam estar sentindo os efeitos dos atrasos nas cargas. A General Mills, com sede em Minnesota, fabricante do Cheerios, popular marca de cereal de aveia, comunicou aos investidores em março que havia perdido 62 dias de produção – até quatro por cento da sua produtividade – no trimestre que encerrou em fevereiro por causa de problemas de logística no inverno, inclusive um congestionamento dos vagões. Em seu relatório de lucros em agosto, a Cargill, outra grande empresa de produtos alimentícios sediada em Minnesota, divulgou uma queda nos lucros líquidos atribuída em parte aos "maiores custos relacionados à escassez de vagões".

Fazendeiros e grupos agrícolas afirmam que os operadores das ferrovias estão claramente favorecendo o transporte mais lucrativo do petróleo. O transporte ferroviário de petróleo bruto em Dakota do Norte tem aumentado desde 2008, e o estado agora produz cerca de um milhão de barris por dia. Aproximadamente 60 por cento desse petróleo é transportado via ferrovias dos campos de petrolíferos de Bakken na parte ocidental do estado até refinarias distantes. Existem poucos oleodutos para transportá-lo. A BNSF e a Canadian Pacific sustentam que carregamentos de petróleo não substituíram os carregamentos de grãos.

"É claro, a grande diferença no que estamos transportando ultimamente é o petróleo", declarou Matthew K. Rose da BNSF. "Mas não estamos favorecendo um tipo de produto em detrimento de outro". Apesar de tudo, a BNSF ineste 400 milhões de dólares em Dakota do Norte para a construção de linhas adicionais, a contratação de novos funcionários e novos vagões.

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