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Jomar Pascual, à esquerda, a irmã Jesper Anne e os irmãos afirmam que estão felizes com o orfanato de Manila | Jes Aznar para The New York Times
Jomar Pascual, à esquerda, a irmã Jesper Anne e os irmãos afirmam que estão felizes com o orfanato de Manila| Foto: Jes Aznar para The New York Times

Identificados como órfãos pelas autoridades locais após a passagem do tufão Haiyan, cinco irmãos com idades entre 8 e 18 anos foram tirados repentinamente de um centro de evacuação da cidade, levando a uma busca imediata por parte de autoridades municipais e representantes da Unicef, que temiam que traficantes de pessoas os tivessem levado.

Desde então, os cinco reapareceram a 650 quilômetros a noroeste de Manila em um orfanato cristão, tendo sido enviados para lá pela agência governamental que organiza adoções internacionais.

O tufão chegou ao litoral no dia oito de novembro, matando mais de 6.000 pessoas e deixando mais de quatro milhões de desabrigadas. Com frequência, desastres dessas proporções transformam muitos órfãos em presas fáceis para traficantes de pessoas.

Grupos de ajuda internacional e altas autoridades nas Filipinas creem que as crianças tenham sido bem protegidas desde a passagem do tufão. A família estendida costuma ser bastante grande e extremamente próxima nas Filipinas e inúmeros tios e primos se candidatam para cuidar das crianças.

No caso dos irmãos em Manila, Bernadette Abejo, diretora executiva do Comitê Filipino de Adoções Internacionais, afirmou que sua agência entraria em contato com os parentes para determinar onde as crianças deveriam viver e não tinha a intenção de oferecê-las à adoção internacional.

Os métodos do governo filipino para garantir a segurança dos órfãos muitas vezes são confusos e nem sempre seguem corretamente as diretrizes de grupos internacionais como a Unicef. Essas diretrizes pedem que as crianças sejam mantidas em suas comunidades e com membros de sua família estendida.

Jomar Pascual, que tem 18 anos; sua irmã de 17 anos; e os três irmãos mais novos, de 8, 13 e 15 anos de idade, sobreviveram ao tufão. Porém, eles perderam os pais e três dos irmãos, com idades de 3, 5 e 11 anos.

Os irmãos haviam se recusado a serem transferidos para um orfanato nas proximidades e queriam ficar com um primo de segundo grau, Frederick Centino, e a esposa, Jornalyn Palo. O casal, que tem filhos de 3 e 2 anos, vivia no barraco ao lado na favela onde moravam.

A Unicef e autoridades municipais concordaram em permitir que os órfãos ficassem com Centino e Palo. Porém, um dia depois, diversos homens e mulheres apareceram no local, afirmaram ser do governo e exigiram que ao menos o menino de 8 anos, Janiño, fosse levado com eles na van. Sua irmã, Jesper Anne, insistiu que as crianças não fossem separadas, de forma que a equipe levou os cinco irmãos embora.

"Jesper Anne chorava e me dizia: ‘Por favor, nos ajude; não queremos ir com eles’", afirmou Palo.

Mais tarde, Abejo explicou que ela tinha uma autorização do Departamento de Bem-Estar Social e Desenvolvimento para evacuar todos os órfãos da área. Quando ela chegou ao centro de evacuação, logo percebeu que Centino, que é trabalhador braçal, e Palo não eram cuidadores aceitáveis para os órfãos, já que eram parentes distantes, tinham dois filhos pequenos e praticamente nenhum dinheiro.

Abejo enviou os irmãos para o Gentle Hands, um orfanato de Quezon City, um subúrbio em Manila, especializado nos casos mais difíceis, como traumas severos e grandes grupos familiares.

Abejo afirmou que não imagina que os irmãos possam ser enviados para um programa de adoção internacional, mas planejava documentar todos os parentes que tivessem sobrevivido.

Centino e Palo disseram que sentem saudades dos cinco irmãos e gostariam de se juntar novamente a eles em Tacloban. Porém, Pascual e os irmãos mais novos demonstram durante uma entrevista estar contentes com a vida do orfanato. Todos gostavam da comida oferecida pelo orfanato, especialmente das porções frequentes de frango.

Pascual afirmou que abandonou a escola há três anos, aos 15 anos de idade. Desde que chegou ao Gentle Hands, ele voltou a estudar e parou de beber e fumar.

"Aqui é melhor porque posso ir para a escola e não existem vícios", afirmou. "Eu queria parar há muito tempo."

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