• Carregando...

Melado, doce e com sabor de vinho com especiarias, com uma pitada de violeta e um tanto de cafeína, a bebida alcoólica produzida aqui ao longo do último século pelos monges beneditinos é a alma de uma próspera empresa.

A Abadia de Buckfast, onde o vinho tônico é preparado, emprega dezenas de pessoas, doa dinheiro para causas nobres e passou por uma grande renovação.

Os habitantes do local têm até um apelido maldoso para sua bem financiada comunidade monástica: Abadia de Fastbuck.

Mas a popularidade da bebida — especialmente a centenas de quilômetros ao norte, na Escócia, onde sua doçura e o teor elevado de cafeína a transformaram na favorita dos jovens — colocou a abadia e a região no meio de um debate sobre quem tem responsabilidade pelo abuso do álcool.

Preocupado com relatos de que esse tipo de bebida cria “bêbados atentos” que estão ligados a crimes, incluindo direção alcoolizada e agressões sexuais, o parlamento escocês está avaliando uma lei que poderia proibir o Buckfast, a menos que sua composição fosse alterada.

Aqui nessa região no oeste da Inglaterra, a abadia é uma parte importante da economia, e a ideia de ser repreendia pelo abuso de álcool pela Escócia parece chocante, se não ofensiva.

O vinho tônico de Buckfast foi criado pelos monges beneditinos franceses que chegaram aqui na região de Devon na década de 1880. Eles logo começaram a importar vinho do continente, fortificando a bebida doce, originalmente vendida como tônico ou medicamento.

“É uma boa bebida se consumida moderadamente como um vinho tônico. É uma pena que tenha se tornado o que é hoje”, disse Richard Simpson, legislador de oposição do Partido Trabalhista no parlamento escocês e arquiteto da lei proposta.

Os críticos citam a combinação de álcool e cafeína, em vez do teor alcoólico de 15 por cento.

Na Escócia, há uma grande preocupação com o consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens, alguns dos quais parecem usar Buckfast como uma alternativa conveniente à mistura de álcool com bebidas energéticas e refrigerantes cafeinados.

Sob a lei de Simpson, a cafeína seria limitada a 150 miligramas por litro de bebida alcoólica, o mesmo limite da Dinamarca. O Buckfast contém mais que o dobro desse nível, ou o equivalente de cafeína de cerca de três xícaras de café recém-moído.

Os críticos citam um relatório de 2009 do serviço prisional escocês que descobriu que a marca havia sido consumida por 43,3 por cento dos entrevistados antes que cometessem um crime. Em 2010, a polícia de Strathclyde, na Escócia, disse que o vinho de Buckfast havia sido mencionado em 5.638 relatórios criminais entre 2006 e 2009.

O abade David Charlesworth da Abadia Buckfast não quis comentar. Mas Stewart Wilson, gerente de vendas da distribuidora do Buckfast, a J Chandler & Company, disse que as estatísticas da polícia eram antigas. “Ele não é diferente de qualquer outra bebida. Na Escócia, eles fazem whisky; é tudo uma questão de responsabilidade”, disse Katie Coates, ex-prefeita e atual membro do conselho de Buckfastleigh.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]