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Para muitos adultos obesos, o padrão foi determinado quando eles tinham cinco anos de idade. Um grande estudo de mais de 7 mil crianças indicou que um terço das crianças que tinham sobrepeso quando estavam no infantil ficavam obesos no oitavo ano. E quase todas as crianças que eram obesas permaneciam obesas. Alguns alunos obesos ou com sobrepeso no infantil perderam o excesso de peso, e algumas crianças com o peso normal engordaram com o passar dos anos. Entretanto, a cada ano, as chances de uma criança sair da categoria de sobrepeso ou de obesidade diminuíam. Aos 11 anos, havia poucas mudanças adicionais: os que estavam obesos ou com sobrepeso permaneciam dessa forma, e aqueles cujo peso estava normal não engordavam.

"A principal mensagem é que a obesidade é determinada bem cedo na vida, e que ela basicamente atravessa a adolescência até a idade adulta", declarou Ruth Loos, professora de Medicina Preventiva da Escola Icahn de Medicina em Monte Sinai em Nova York. Esses resultados, surpreendentes para muitos especialistas, surgiram de um estudo raro que acompanhou o peso das crianças durante anos, do infantil ao oitavo ano. As descobertas fornecem uma possível explicação por que os programas infantis para perda de peso quase sempre tiveram resultados negativos. As ações podem ter visado todos os alunos, em vez de começarem antes com as crianças matriculadas no infantil e se concentrarem nos que já eram gordos ainda muito pequenos.

"O que é surpreendente é a queda relativa da incidência após essa influência inicial" da obesidade que ocorre por volta dos cinco anos de idade, disse o dr. Jeffrey P. Koplan, o vice-presidente do Instituto de Saúde Global Emory em Atlanta. "É quase como que, se você conseguir chegar ao jardim da infância sem sobrepeso, as suas chances são imensamente melhores". O autor principal do estudo, Solveig A. Cunningham, é professor assistente da Escola de Saúde Pública em Emory. O estudo foi composto por 7.738 crianças cuja altura e peso foram medidos sete vezes do infantil ao oitavo ano. A raça, o grupo étnico e a renda familiar tiveram importância na infância, porém quando as crianças com sobrepeso tinham cinco anos, esses fatores não mais afetavam o risco de serem gordos depois.

O estudo não acompanhou as crianças antes do infantil, porém, os pesquisadores tiveram acesso ao peso deles no nascimento. As crianças com sobrepeso ou obesas quase sempre foram bebês pesados, algo que outros estudos também indicaram. Alguns pesquisadores da obesidade disseram que o novo estudo também trouxe indícios sobre a poderosa influência da genética na obesidade.

As influências genéticas tendem a se manifestar cedo na vida, declarou o dr. Stephen O’Rahilly, um pesquisador da obesidade que é professor de Bioquímica Clínica e de Medicina da Universidade de Cambridge. Tem sido demonstrado há décadas que o índice de massa corporal é altamente hereditário, contou. "Surpresa, surpresa, se você tem tendência a engodar, você tem tendência a engordar desde cedo". Os genes não são necessariamente o destino. Exercícios e uma dieta saudável podem sempre reduzir, no entanto, não completamente superar, os efeitos dos genes.

Steven L. Gortmaker, professor do exercício de Sociologia de Saúde da Escola de Saúde Pública da Harvard, contou que percebeu o lado bom dessas descobertas. Segundo ele, as crianças pequenas podem atravessar o limite entre estarem gordas ou com o peso normal ganhando ou perdendo apenas poucos quilos. Para os adultos, isso pode ser dezenas de quilos.

Inúmeros estudos aleatórios envolvendo crianças pequenas demonstraram que é possível parar ou reverter o ganho de peso em excesso. Um deles, fez com que as crianças entre quatro a sete anos reduzissem o tempo de assistir televisão. As crianças no grupo de intervenção – especialmente os de famílias mais humildes – consumiram menos calorias, e o índice de massa corporal caiu. Mas os programas eficientes para crianças pequenas envolvem tempo e esforço, e Denise Wilfley, uma pesquisadora da obesidade da Universidade de Washington em Saint Louis, disse que o aconselhamento dado por um médico de família geralmente é ineficiente. Ela disse ter visto uma mulher chorando porque a sua filha de 11 anos pesava 96 quilos. A criança era gorda desde bebê, a dra. Wilfley contou, no entanto, "o profissional de saúde disse à mãe que a criança perderia o peso ao crescer".

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