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Nessa cidadezinha litorânea sossegada onde o ex-ditador panamenho Manuel Antonio Noriega tinha uma mansão, os moradores se preparam para receber uma onda de compradores de imóveis estrangeiros. Isso porque a antiga base aérea norte-americana aqui perto, em Río Hato, vai ser reaberta como aeroporto internacional, com capacidade de receber voos diretos do Canadá e dos EUA; como consequência, novas casas de veraneio devem começar a pipocar em Farallón, conhecida por sua praia de areias brancas, uma raridade no Panamá.

"Sem dúvida o número de construções deve aumentar", afirma Gordon Pineo, argentino que começou a frequentar a cidade em 1992. Em 2009, ele e Antonio Enríquez abriram uma pousada no estilo "bed & breakfast" num terreno que a família do segundo possuía desde 1970. "Se não pode vencê-los, junte-se a eles", diz Pineo. O trecho entre Farallón e o balneário de Coronado, a 32 km a leste, já é popular entre os veranistas da América do Norte, Venezuela e Colômbia — só que, por enquanto, eles têm que aterrissar em Tocumen, a poucos quilômetros da Cidade do Panamá, e encarar o trânsito congestionado da capital para chegar à praia. Com o novo aeroporto, o Scarlett Martínez em Río Hato, vão poder evitar os engarrafamentos.

"Muita gente reclama do trajeto, que acha um verdadeiro pesadelo", conta Michael Vuytowecz, dono da imobiliária Inside Panama em Coronado. O setor imobiliário estima que mais de trinta projetos estejam na fase de planejamento ou início das construções no corredor entre Farallón e Coronado, praticamente todos motivados pela abertura do novo aeroporto.

A maior parte das construções erguidas nos últimos anos tem como alvo Coronado, bastante popular entre compradores canadenses e norte-americanos. Vários supermercados, redes de restaurantes fast-food, escolas internacionais e uma loja de vinhos respeitável abriram as portas na cidade para atender as necessidades da comunidade de expatriados.

Há também um cenário social vibrante para os recém-chegados, garante Jill Womack, que se mudou com o marido, Don, em 2010: "Tem coisa para fazer praticamente todas as noites".

O casal, que é dos EUA, aluga um apartamento no 14° andar de um prédio ao lado do Coronado Country Club. Muitos estrangeiros aproveitam a nova política panamenha de abertura aos expatriados, incluindo o programa "pensionado" de vistos de residência e descontos a aposentados, como explica Don Womack. "Com a crise econômica apertando, acho que o número de estrangeiros aqui só tende a aumentar", ele acrescenta.

Farallón permanece relativamente intocada pela nova febre imobiliária, com casinhas pequenas ainda de frente para a praia e alguns restaurantes servindo ceviche. No entanto, os sinais de mudança são inevitáveis — como o resort de luxo Royal Decameron, inaugurado em 2000 num terreno onde ficava a delegacia; em 2012, a JW Marriott Hotels & Resorts assumiu a direção do Bristol Buenaventura, complexo de 400 hectares que inclui hotel e campo de golfe, tornando-se uma das primeiras redes internacionais a se estabelecer na área. A lei, entretanto, proíbe projetos grandes em Farallón, mas Enríquez, o dono da pousada, é cético em relação à proibição de novos projetos. "Que há leis, ninguém dúvida; se elas serão obedecidas, é outra coisa".

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