• Carregando...
Arquivo digital com imagens históricas dos palestinos está sendo preservado, inclusive a de um campo de refugiados | S. Ma dver/Agência das Na ções Unidas de Assistência aos Refugiados
Arquivo digital com imagens históricas dos palestinos está sendo preservado, inclusive a de um campo de refugiados| Foto: S. Ma dver/Agência das Na ções Unidas de Assistência aos Refugiados

Há uma foto de crianças palestinas estudando em torno de uma pequena mesa, sob a luz fraca de lampiões a gás no Acampamento al-Shati, em Gaza, e outra de crianças olhando por sobre uma duna de areia, com fileiras de cabanas iguais em um acampamento de refugiados deserto ao fundo. Em uma terceira, uma família atravessa a Ponte Allenby, o pai carrega duas malas grandes e caminha em direção ao oeste sobre o Rio Jordão.

Essas são algumas das imagens em preto e branco que compõem o arquivo digital compilado pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados, cuja primeira parte foi apresentada recentemente no Centro Velho da cidade. Juntas, elas exibem a experiência dos refugiados palestinos da guerra de 1948 em diante, dando forma a um capítulo fundamental da história, da identidade e da memória coletiva da Palestina.

Durante décadas, quase meio milhão de negativos, impressões, slides e várias formas de registros em filme ficaram escondidos nos arquivos da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados, a organização que auxilia os refugiados palestinos. Guardado em Gaza e Amã, na Jordânia, o material estava começando a embolorar.

Funcionários da agência deram início à missão de preservar o arquivo, digitalizando-o. A exposição intitulada "A Longa Jornada" será exibida na Cisjordânia, na Faixa de Gaza, na Jordânia, no Líbano e possivelmente na Síria, além da Europa e da América do Norte. As imagens também estarão acessíveis ao público em geral por meio de um site especial.

"Esta é uma obra muito importante", afirmou Filippo Grandi, comissário-geral da agência. "É uma contribuição para a construção de um patrimônio nacional para os palestinos."

Cerca de 700.000 árabes fugiram ou foram expulsos de casa durante a guerra árabe-israelense de fundação do Estado de Israel. Centenas de milhares de palestinos foram obrigados a deixarem suas casas mais tarde, durante a guerra árabe-israelense de 1967. Dezenas de milhares de pessoas foram novamente deslocadas após a guerra civil que assolou a Síria.

Porém, a questão dos refugiados continua a ser um dos elementos mais complexos e delicados do conflito entre israelenses e palestinos. Algumas pessoas veem a memorialização da experiência dos refugiados por meio do prisma da política e da contenção.

"Quando foi a última vez que uma agência das Nações Unidas arrecadou tanto dinheiro e investiu tanto esforço na organização e na circulação em todo o mundo da documentação de uma luta específica como essa dos refugiados palestinos? Nunca!", afirmou Yigal Palmor, porta-voz do Ministério Israelense das Relações Exteriores.

Israel rejeita o direito de retorno dos refugiados palestinos, afirmando que qualquer influxo de pessoas iria levar ao fim de Israel como um Estado de maioria judia. Os israelenses frequentemente culpam a agência por prolongar sua sensação de impermanência.

Grandi afirmou estar ciente de que a questão tinha seus aspectos políticos. Porém, ele afirmou, "lembre-se de que estamos falando de pessoas, de indivíduos com lutas e conquistas".

O dinheiro para o projeto, que custou um milhão de dólares até o momento, veio dos governos da Dinamarca e da França, bem como do setor privado da Palestina.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]