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Liga de futebol americano supera 70 times. Warsaw Eagles | Fotos: Maciek Nabrdalik para The New York Times
Liga de futebol americano supera 70 times. Warsaw Eagles| Foto: Fotos: Maciek Nabrdalik para The New York Times
  • Animadoras de torcida do Radom’s Green Ducks

Piotr Zaremba batia no bumbo que tinha preso ao pescoço e entoava a música, cantada em inglês: "Let’s go, Eagles, let’s go!"

O rapaz de 26 anos que trabalha para uma empresa de animação infantil admite que quando o Warsaw Eagles está em campo não consegue pensar em mais nada. Fundador da Eagle’s Nest, torcida organizada de um dos melhores times da Liga Polonesa de Futebol Americano, ele faz parte ativa daquele que se tornou um dos esportes que mais cresce no país.

O que começou em 1999, em um parque de Varsóvia, com um grupo de amigos batendo a bola que um deles tinha comprado nos EUA, se tornou, em 2006, uma liga com quatro times – que agora já são mais de 70 em 36 cidades, atraindo milhares de fãs. A final do campeonato é disputada no Estádio Nacional, imenso, diante de vinte mil torcedores e é transmitida para toda a Europa.

Jedrzej Steszewski, 36 anos, um dos fundadores, gosta de comparar a simplicidade do futebol americano — no qual ou você faz a jogada ou não faz — às reclamações e "encenações" que vê no futebol tradicional.

"O número de torcedores só faz crescer a cada ano, e isso porque aqui não tem ‘fita’, não tem sacanagem, cartão amarelo. É um esporte viril. É para valer. É disso que a torcida gosta", afirma ele. Paul Kusmierz, 44 anos, que construía shopping centers nos EUA antes de se mudar para a Polônia, em 1994, é o principal patrocinador corporativo do Eagles. Para ele, há uma razão física para a popularidade do esporte que os poloneses não mencionam logo de cara. "A verdade é que muitos desses caras não nasceram para o futebol tradicional. São grandões, mas querem ser atletas e esse é um jogo que lhes dá essa oportunidade." Ele prossegue, dizendo que a tendência dos esportes nacionais mais populares, como o vôlei, é evitar o contato físico, mas os poloneses descobriram, através do futebol americano, que gostam do jogo duro.

"É meio como os gladiadores, sabe? A proteção de ombro, a violência contida. Depois que os jogadores descobrem o gosto do contato físico, adoram o confronto", conclui. Grande parte da popularidade do jogo talvez esteja ligada à decisão, tomada quatro anos atrás, de transformar os jogos em eventos familiares. Em confronto recente do Eagles com o Poznan Goats, havia bonecos infláveis para as crianças, uma barraca da Starbucks, uma van vendendo hambúrgueres, espetinhos grelhados e até uma pequena cervejaria. O esporte cresceu mesmo apesar de poucos jogadores e técnicos serem remunerados. Todo o resto paga para jogar, isto é, para criar um fundo para equipamentos, aluguel de campo e viagens.

Todos os times principais têm pelo menos um jogador americano, geralmente um universitário que não conseguiu entrar para a liga profissional nos EUA. A irmã de Piotr, Madga Zaremba, de 24 anos – que está namorando um dos jogadores do Eagles, explicou o fascínio pelo esporte. "É um lance de força, de domínio. Não tem espaço para covardia no futebol americano", dispara, com um olhar firme.

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