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O prefeito Michael Bloomberg, que deixa o cargo, quer ajudar outras cidades | Ángel Franco/The New York Times
O prefeito Michael Bloomberg, que deixa o cargo, quer ajudar outras cidades| Foto: Ángel Franco/The New York Times

Determinado a investir sua experiência no governo e sua vasta fortuna em uma espécie de moralidade global, Michael R. Bloomberg está criando um grupo de consultoria poderoso para ajudá-lo a transformar cidades ao redor do planeta, depois que deixar a prefeitura no fim deste ano.

Para criar a nova organização, financiada com dinheiro tirado do próprio bolso, o prefeito bilionário de Nova York está levando consigo boa parte da equipe que o acompanhou na prefeitura: ele contratou muitos de seus assessores mais conhecidos e fiéis, prometendo a eles uma chance de exportarem as políticas que desenvolveram para lugares como Louisville, no Kentucky, e a Cidade do México.

Para Bloomberg, o projeto é a primeira fase de sua vida após a saída da prefeitura, que continuará focada em cidades, vistas por ele como laboratórios para experimentos grandiosos em saúde pública, desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental, de acordo com seus assessores.

A empreitada reflete uma confiança profunda na possibilidade de que dezenas de cidades repliquem as ideias que definiram seu mandato: transformar ruas movimentadas em bulevares para pedestres, obrigar redes de fast-food a mostrarem o número de calorias de seus alimentos, criar uma linha direta de atendimento ao consumidor para os cidadãos.

"Prestamos atenção nessa demanda gigantesca e na necessidade de outras cidades aprenderem com Nova York", afirmou Amanda M. Burden, diretora de planejamento urbanístico do governo Bloomberg, que planeja se unir a seu grupo de consultoria.

"Sob o comando do prefeito", acrescentou, "Nova York se transformou no modelo das cidades que procuram resolver as coisas". A organização, chamada "Bloomberg Associates", será usada para convidar governos locais a resolverem desafios de longo prazo, transformando margens de rios e praias abandonadas em belos espaços de convívio público, ou construindo bairros residenciais prontos para receber estações de metrô.

Ainda não se sabe muito sobre o novo grupo. Porém, assim como na maioria das empreitadas do prefeito Bloomberg ao longo da última década, ele envolverá o gasto de muito dinheiro sem a expectativa da obtenção de lucros. (O orçamento anual estará na casa das dezenas de milhões de dólares.)

A Bloomberg Associates será comandada por George A. Fertitta, executivo-chefe da agência municipal de turismo, responsável por um aumento recorde no número de visitantes anuais, que chegou a 54 milhões de pessoas este ano.

Fertitta afirmou que o grupo deverá se expandir, chegando a algo entre 20 e 25 funcionários, a maioria dos quais vindos da cúpula do governo municipal, e que trabalharão lado a lado com a crescente fundação filantrópica de Bloomberg, a Bloomberg Philanthropies.

O grupo de consultoria é o capítulo mais recente na longa jornada de Bloomberg, que passou de político novato a mentor admirável de outros prefeitos, dezenas dos quais foram à prefeitura de Nova York para estudar o layout aberto de seus escritórios, assistir a suas conferências sobre inovação urbana e tentar obter um financiamento concedido por sua fundação (chamada de "escola de prefeitos" por muitos líderes que passaram uma temporada na cidade).

O prefeito Mitchell J. Landrieu, de Nova Orleans, conta que recebeu um financiamento de quatro milhões de Bloomberg no ano passado para contratar oito especialistas de fora com o objetivo de diminuir o índice de assassinatos da cidade. Desde então, a cidade estabeleceu uma agência multidisciplinar para combater as quadrilhas, criou uma liga noturna de basquete para tirar os jovens das ruas e dificultou a saída da cadeia de pessoas condenadas por crimes à mão armada.

O total de assassinatos caiu 17 por cento em Nova Orleans este ano.

"Por vontade própria", afirmou Landrieu a respeito de Bloomberg, "esse cara está investindo dinheiro do próprio bolso na melhoria dos governos municipais".

Bloomberg, que estuda os números cuidadosamente, argumenta que investir nas cidades faz sentido matemático: mais de metade da população mundial vive nelas, um número que deve saltar para 70 por cento nos próximos 40 anos. Quanto maior a cidade, mais provável é que grandes ideias sejam aceitas e adotadas em outros lugares, conforme demonstrou o prefeito com a proibição do fumo em restaurantes e da gordura trans nos alimentos.

"Grandes cidades roubam boas ideias umas das outras", afirmou Edward Skyler, ex-vice-prefeito do governo Bloomberg e executivo do alto escalão do Citigroup.

Janette Sadik-Khan, comissária de transportes, afirmou que os prefeitos costumam ficar impressionados com o custo baixo e a necessidade de poucas pessoas para a criação das ciclovias, dos bulevares e das zonas de baixa velocidade que transformaram as ruas de Nova York. "É possível fazer essas mudanças rapidamente e com pouco dinheiro", afirmou.

Fertitta afirmou que o grupo poderia, ao longo do tempo, passar a dar assessoria em áreas como segurança pública e policiamento. As pessoas próximas de Bloomberg afirma que ele está ansioso para trazer o comissário de polícia, Raymond W. Kelly, para a Bloomberg Associates – uma possibilidade que Fertitta não descartou.

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