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Não havia como confundir Babe Ruth, mas poucos reconheceriam Tim Lincecum por sua assinatura |
Não havia como confundir Babe Ruth, mas poucos reconheceriam Tim Lincecum por sua assinatura| Foto:

As paredes da churrascaria do Yankee Stadium são decoradas com assinaturas dos antigos jogadores do time. David Robertson, um atual jovem lançador do New York Yankees, fica maravilhado pelo fato de conseguir ler seus nomes.

"Todos os autógrafos antigos são realmente nítidos", disse Robertson. "Essa é uma arte perdida".

Robertson está na posição do aposentado Mariano Rivera, cujo legado de brilhantismo inclui precisão com a caneta. Rivera pode ter gastado mais tempo com sua assinatura do que qualquer um de seus colegas, desenhando meticulosamente seus M’s e R’s e todas as letras minúsculas em seguida.

Poucos jogadores modernos têm o mesmo cuidado. Na última geração, a escrita clássica de Babe Ruth, Harmon Killebrew e Rivera praticamente se deteriorou numa confusão de rabiscos e desenhos.

E não é apenas no beisebol. A assinatura legível, antes uma marca indelével da identidade pessoal, está cada vez mais rara na vida moderna.

Os fãs de beisebol ainda clamam por autógrafos – como lembranças, mercadorias ou ambos. Mas os tesouros de hoje trazem pouco da elegância daqueles de antigamente.

"Os fãs dizem, ‘Você poderia colocar também o seu número?’", disse Javier Lopez, lançador do San Francisco Giants. "Pois não há chance deles conseguirem ler aquilo".

Curtis Granderson, um defensor veterano do New York Mets, costumava escrever de forma nítida. "Quando você está sentado assinando, seu processo de pensamento é: ‘Como posso sair daqui o mais rápido possível?’" explicou Granderson. "É assim que as coisas começam a ficar cada vez mais abreviadas".

Caso se importem, os fãs de Tim Lincecum e outros atacantes ficarão decepcionados. Até mesmo Jackie Bradley Jr., jogador de Boston que geralmente escreve cada letra, pode cair no hábito. Certa vez ele autografou para Scott Mortimer, um fã de Merrimack, em New Hampshire, com um simples "JBJ". Mortimer, de 43 anos, se disse pouco exigente; ele apenas aprecia a busca e a experiência.

Kate Gladstone, uma instrutora de caligrafia em Albany, New York, e diretora do World Handwriting Contest, afirmou que Babe Ruth tinha uma assinatura modelo. Ruth frequentou a St. Mary’s Industrial School for Boys, um orfanato e escola em Baltimore onde um nome rabiscado, Gladstone supôs, não seria tolerado.

Independente da educação dos jogadores, as assinaturas permaneceram legíveis durante décadas. Mesmo quando os cortes de orçamento da Grande Depressão reduziram a importância da caligrafia nas escolas, contou Gladstone, as pessoas nascidas nos anos 1940, 50 e início de 60 costumavam ser ensinadas por bons professores. Esse não é o caso dos jogadores de hoje, muitos nascidos na década de 1980.

"Eu tinha um giro como todo mundo – um T e uma linha, dois pontos, um H e uma linha, e algo como um T", disse Torii Hunter, defensor veterano que hoje joga para o Detroit Tigers. Mas Killebrew, jogador do Hall of Fame que jogou de 1954 a 1975 e era considerado o decano do autógrafo digno, contou-lhe uma história.

"Pense no seguinte: daqui a 150 anos, você já morreu e crianças estão jogando num campo", Hunter lembrou de Killebrew dizendo. "Um garoto rebate com força e a bola vai para o mato, bem longe. Eles procuram pela bola, encontram outra, e na bola está escrito: ‘T, linha, ponto, ponto, H’. Eles não sabem quem é. E dizem: ‘Oh, encontramos outra bola para jogar’, pois não conseguem ler aquilo".

"Mas voltemos um pouco. Um garoto rebate a bola, ela vai pro mato, eles a estão procurando, encontram outra bola e conseguem ler a assinatura. Ela diz ‘T-o-r-i-i H-u-n-t-e-r’. E eles pensam: ‘Uau’. Então eles vão pesquisar e descobrem que aquele cara era um jogador muito bom, colocam a bola na prateleira e a veneram".

Killebrew continuou: "Você não jogou por tanto tempo para alguém destruir seu nome", recordou Hunter.

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