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As superfícies planas das telas sensíveis ao toque podem dificultar a leitura e a digitação mais precisa. A leitura de páginas eletrônicas costuma reter menos conteúdo do que da mídia impressa, segundo estudos. E digitar numa superfície plana sem teclas físicas para orientar os dedos exige maior atenção visual, desviando a atenção do que está sendo escrito. Algumas empresas estão tentando abordar esses problemas com ferramentas adaptadas do mundo analógico das teclas de digitação tridimensionais e páginas de papel.

A Tactus Technology de Fremont, na Califórnia, está desenvolvendo um teclado com teclas que "pulam" da superfície da tela quando necessário, afirmou Craig Ciesla, fundador da empresa. Um fluido em minúsculos microcanais ergue as teclas e depois as afunda, fazendo parecer que elas derreteram. A tecnologia será oferecida nesse ano como acessório para o iPad Mini, segundo Ciesla. No próximo ano, será incluída em muitas telas de toque produzidas para tablets e smartphones.

Tais recursos táteis podem ajudar a criar memória muscular e aprimorar a precisão – habilidades perdidas na corrida pelas telas de toque, afirmou Scott Mackenzie, professor da Universidade York, em Toronto, especialista na interação entre seres humanos e computadores. Muitas pessoas que digitam em telas planas de vidro precisam manter seus olhos focados na superfície para tocar a tecla certa, disse ele. "Não é apenas a necessidade de atenção visual", acrescentou ele, "mas uma grande quantidade dessa atenção". Isso significa menos foco no ato da composição, explicou Erik Westlund da Universidade Karstad, na Suécia.

Muitos estudos sugerem que a memória e a compreensão aumentam quando longos textos são lidos no papel, declarou Mariette DiChristina, editora-chefe da "Scientific American", que no último verão realizou uma conferência sobre o aprendizado na era digital. Mas os livros eletrônicos vêm incorporando maneiras de compensar isso, disse ela, "oferecendo pausas na leitura com feedbacks que ajudam a captar o conteúdo".

Desacelerar a leitura de livros eletrônicos pode ser importante, argumentou Maryanne Wolf, neurocientista cognitiva da Universidade Tufts em Medford, em Massachusetts.

"Você pode se lembrar de que algo que leu ontem no jornal estava no meio da página, ou no canto direito", explicou o Dr. Westlund. "Esse tipo de mapa cognitivo é muito mais difícil de ser construído com páginas virtuais". Pesquisadores de uma universidade sul-coreana desenvolveram um protótipo para uma interface de tela sensível ao toque que permite ao usuário virar as páginas eletrônicas como se faria com um livro de papel.

Esses dispositivos podem ajudar pessoas que precisam desacelerar enquanto trabalham em telas de toque. "Pesquisar, navegar, realizar tarefas múltiplas – tudo é feito melhor na tela", afirmou a Dra. Wolf, acrescentando que isso não deveria vir em detrimento do que chama de "leitura profunda – o aspecto focado e contemplativo do que se lê".

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