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Loja que marcou a infância de muitas pessoas será encerrada em 15 de julho | Karsten Moran/The New York Times
Loja que marcou a infância de muitas pessoas será encerrada em 15 de julho| Foto: Karsten Moran/The New York Times

Melissa Quiñones, 32, ainda se lembra da promessa que seus pais lhe fizeram antes de a família emigrar da Colômbia para Nova York, no início dos anos 1990: “Você vai poder ir ao McDonald’s e à maior loja de brinquedos do mundo.”

Ela resistiu com toda a vontade férrea de uma criança de nove anos, até que seus pais anunciaram que iam passar férias de uma semana em Nova York no Natal.

“Me lembro que entramos na F. A. O. Schwarz e eu disse: ‘Vamos poder vir para cá sempre que quisermos? Me dê um Big Mac e me deixe tocar esse piano!’”, contou Melissa, aludindo ao teclado iluminado gigantesco sobre o qual Tom Hanks e Robert Loggia dançaram no filme “Quero Ser Grande”. “Era como se os EUA fossem uma gigantesca loja de brinquedos.”

No entanto, o lugar encantado do qual ela se lembra está sendo fechado. É mais uma baixa de uma zona comercial onde os aluguéis não param de subir. A rede Toys “R” Us, que desde 2009 é proprietária da F. A. O. Schwarz, disse que a loja será fechada em 15 de julho. A marca F. A. O. Schwarz vai continuar presente nas lojas  Toys “R” Us e on-line.

Para muitos, é a demolição de uma fantasia da infância.

“Minha infância foi a F. A. O. Schwarz”, disse Shira Underberger, 25, criada no  Connecticut. “A F.A.O. Schwarz era para as lojas de brinquedo o que as lojas Apple são para a tecnologia. Era um mundo em si. Você entrava e dava de cara com a árvore falante. Havia o piano sobre o qual você podia andar.”

“Era como um museu para crianças. Eu ia ao museu de história natural com minha mãe para ter a contribuição educativa, mas fazia meus tios me levarem à F. A. O. Schwarz. Para mim, aquele lugar era um sonho de criança.”

Mas Underberger só se recorda de uma coisa que comprou na loja e que ainda guarda: uma cachorrinha Penelope the Pup cor-de-rosa. Esse fato é um indício das dificuldades enfrentadas por uma loja varejista como a F. A. O. Schwarz.

A F. A. O. Schwarz se enquadrava com “certa ideia da Nova York clássica, que tinha a ver com o hotel Plaza e Eloise (personagem de livros infantis)”, disse Lily Swistel, que frequentava a loja quando era criança.

A loja nasceu por volta de 1870, como Schwarz Brothers Importers. Era a loja em Manhattan de um empreendimento familiar cuja sede ficava em Baltimore, Maryland. Mas os outros irmãos Schwarz deixaram o negócio em alguns anos, e o único que restou, Frederick August Otto Schwarz, tornou-se seu proprietário.

O fato de muitas pessoas enxergarem nele uma semelhança mais que passageira com Papai Noel provavelmente ajudava.

Schwarz se concentrava em conseguir brinquedos intrigantes, por preços altos. De acordo com Christopher Byrne, diretor criativo da revista on-line de brinquedos TTPM.com, não havia outra opção: naquela época, a maioria dos brinquedos era importada da Europa. “Havia pouquíssimos brinquedos fabricados nos Estados Unidos”, disse Byrne. “Havia artigos de luxo —bonecas, trenzinhos, blocos de construir. Eram brinquedos inusitados.”

Houve época em que a F. A. O. Schwarz era um símbolo de status. “A caixa azul da loja debaixo da árvore de Natal era tão impressionante para uma criança quanto uma caixa da joalheria Tiffany seria para um adulto em Nova York”, disse Byrne.

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