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Às vezes as mentes abertas aparecem onde menos se espera.

Veja o caso de Li Yinhe, socióloga de Pequim que há muito tempo desafia as sensibilidades chinesas sobre todas as questões sexuais. Sexo gay. Sadomasoquismo. Swinging. Ela incentiva tudo isso, para desprazer das autoridades comunistas, desde os anos 1980, quando voltou de quase uma década nos EUA para descobrir que a moral puritana imposta por Mao havia sobrevivido.

Mas, recentemente, Li começou a forçar um novo limite, desta vez pessoal: anunciou que seu parceiro, Zhang Hongxia, é um homem transexual. Apesar de a maioria dos chineses pouco saber sobre homens transexuais, o interesse pelo casal foi forte e a reação calorosa.

“Todo mundo é único de alguma maneira, por isso vamos trabalhar para que a sociedade acompanhe a ciência”, disse o “Diário do Povo”, um dos principais canais de notícias do Partido Comunista. “Respeitar as opções de pessoas como Li Yinhe é respeitar a nós mesmos.”

Li disse ao jornal “The New York Times” que há muito tempo acreditava que a maioria dos chineses tinha atitudes diferentes das de seus líderes sobre essas questões. “Eu acho as pessoas aqui muito abertas e liberadas”, disse ela.

Às vezes a restrição sexual aparece onde menos se espera.

Considere a França.

Presidentes trapaceiros. Orgias de ricos e famosos. O “ménage à trois”. Quando forasteiros pensam nos franceses, a palavra “puritano” não vem à mente. Mas acontece que há limites.

O site de namoros on-line Gleeden descobriu isso quando colocou anúncios em ônibus de várias cidades francesas. O Gleeden não é um site de encontros do tipo inocente, embora seus anúncios lembrem o jardim do Éden. Ele é voltado para mulheres que procuram casos extraconjugais.

Muitas francesas foram instigadas pelos anúncios, mas não da maneira desejada. “Fiquei chocada e enojada”, disse Aude Ducros, porta-voz das Associações de Famílias Católicas. “A infidelidade polui o casal e a família e destrói o tecido social da França.”

Sete cidades recusaram os anúncios. A mídia social fervilhou. “Fidelidade não se vende!”, escreveu um homem no Twitter.

O que o Gleeden está vendendo, disse Solène Paillet, uma porta-voz, é justiça para as francesas, que há séculos suportam homens infiéis. “Em 2015, organizações religiosas católicas ou outras não podem ditar a moral dos franceses.”

A liberdade sexual encontrou outra resistência na França, com a oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. O fotógrafo Olivier Ciappa, que irritou algumas pessoas com suas imagens de celebridades homossexuais, disse que a França é “muito mais reacionária do que as pessoas pensam”.

Às vezes, as atitudes simplesmente mudam. Veja Michael J. Bowers, advogado americano. Nos anos 1980, como secretário de Justiça da Geórgia, ele ganhou nome defendendo uma lei estadual contra a sodomia, que levou a uma decisão da Suprema Corte que manteve essas leis em todo o país. O tribunal voltou atrás em 2013 e Bowers, 73, fez o mesmo.

Hoje ele faz lobby para um grupo de direitos gays contra legislações que, segundo ele, justificariam a discriminação. Bowers não tem certeza de como ou por quê, mas diz que mudou. “Não sou tão mesquinho quanto era antes.”

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