• Carregando...

O espírito de Sherlock Holmes está vivo, permanecendo, por enquanto, no Centro da Ciência e Indústria, em Columbus (Ohio). "A Exposição Internacional de Sherlock Holmes", desenvolvida com a participação do Espólio Conan Doyle e do Museu de Londres, fica em Ohio até setembro, quando parte para outro destino.

Comentando a "embriaguez contemporânea" com Holmes e Dr. Watson, evidente em filmes e séries de TV recentes, Edward Rothstein escreveu no "New York Times" que a nova exposição "não resolve o mistério de como Holmes, após mais de 125 anos, ainda se aferra obsessivamente aos nossos cérebros".

"É como se Holmes tivesse poderes esotéricos", escreveu. "No século 19, o anonimato e o sigilo cresciam em meio à vida urbana que se expandia ferozmente, mas Holmes, que tudo vê, era tranquilizador: velhos traços da atividade humana permaneciam, se você soubesse lê-los".

Holmes poderia se entediar como um detetive moderno. O anonimato e o sigilo deram lugar ao Twitter e ao YouTube, e os vilões frequentemente levam os investigadores até a porta de suas próprias casas.

"Parece que toda semana há uma notícia sobre alguém cometendo um crime e confessando-o no Facebook, gabando-se dele no Twitter ou compartilhando fotos dele via Instagram", escreveu Ian Urbina no "NYT". "Sob muitos aspectos, as redes sociais foram uma dádiva para o policiamento, entregando à polícia confissões prontas."

Os casos se tornam familiares: na Cidade de Ho Chi Minh, um homem postou no Facebook uma mensagem admitindo que matara a namorada. No Texas, ladrões armados foram identificados por fotos no Facebook. Em Nebraska, uma menina de 19 anos se gabou no YouTube de ter roubado um banco.

Uma pesquisa com cerca de 500 órgãos policiais norte-americanos mostrou que mais de 80% deles usavam as redes sociais em investigações criminais.

Mas as pistas públicas nem sempre são tão óbvias. Detetives de Nova York vêm vasculhando o mundo do rap, dissecando as letras e estudando clipes do YouTube, noticiou o "NYT", "na esperança de entender melhor as rivalidades entre gangues e a dinâmica por trás de tiroteios recentes". A polícia contou que uma investigação recente, contra 11 membros de uma gangue, teve o auxílio de um clipe que mostrava suas ligações.

O risco de a polícia escutar é "uma faca de dois gumes", disse Patrice Allen, 35, empresário de dois rappers que atualmente respondem a processos criminais. "Se você tem tanta paixão e amor pela música, acho que precisa lidar com isso."

Às vezes, as pistas são tão óbvias que não é preciso ser um investigador treinado —basta ser um bom repórter com um laptop. Nicholas Kristof, colunista do "NYT", relatou seu encontro com os pais da menina Emily, 15, que fugiu de casa, em Boston, e estava sob suspeita de pertencer a um cafetão.

"Pergunto se eles já checaram o Backpage.com, principal site de prostituição e tráfico sexual na América", escreveu Kristof. "Saco meu laptop —e em dois minutos encontramos um anúncio de uma ‘mestiça latina atendendo às suas necessidades’ e fotos de uma menina seminua." Era Emily.

Horas depois, agentes resgataram Emily em um hotel de New Hampshire e prenderam um homem acusado de ser seu cafetão. Elementar.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]