• Carregando...

Preciso ir ao supermercado comprar cereais. Preciso separar uns papéis para reciclagem. E tenho um artigo para escrever. Essa é minha vida real.

No Fantasy Life, preciso buscar três garrafas de leite extra cremoso para Llaeth e alguns legumes para Celine. Alguém me pediu para costurar uma boina, mas sou carpinteiro. E eu estou ocupado. Vou ter uma promoção se fizer uma cama e um sofá. Essa é a vida fantasiosa que levo.

A fantasia do título provavelmente faz alusão ao gênero de cavaleiros, dragões e feiticeiros. O mundo está em perigo nesse jogo. Existem forças do mal, uma princesa, e assim por diante. Mas a outra fantasia aqui é o perverso quotidiano: é preciso conseguir um emprego, um dos 12 disponíveis, desde cozinheiro até alquimista, do alfaiate ao mercenário. Há muitas tarefas (até 30 de cada vez) e é preciso conseguir coisas para as pessoas que encontramos. Videogames modernos estão cheios de tarefas maçantes. São programados para apresentar listas de afazeres virtuais. Jogos de cinema? Jogos de arte? Considerar os jogos como um segundo emprego — um pelo qual você tem que pagar.

Veja, por exemplo, Dragon Age: Inquisition. Sua propaganda diz que é preciso salvar o mundo; não menciona que você provavelmente vai passar alguns minutos escoltando algo chamado druffalo de volta para uma fazenda. E também não diz que os alquimistas do mundo mágico de Thedas precisam que você perambule pelas praias de Storm Coast em busca de algas.

Existe uma longa tradição nos jogos de apresentar o trabalho real como diversão. Diner Dash transformou o trabalho de um garçom em um jogo de estratégia; Cooking Mama fez algo semelhante com o rápido preparo de refeições.

Em Dragon Age, Fantasy Life e muitos jogos como esses, os jogadores precisam basicamente desempenhar várias tarefas e o jogo computa suas ações e oferece recompensas proporcionais. Recolher toda a alga irá garantir uma poção muito útil para se manter vivo na luta contra um monstro apocalíptico.

A meritocracia faz parte da fantasia. Faça essas tarefas, não importa o quão banais elas sejam, e o mundo do jogo irá recompensá-lo.

Videogames são geralmente destinados a entreter, e por isso as tarefas do jogo precisam ser divertidas. Não precisaríamos de um salário pelo nosso trabalho no jogo. A abundância de recompensas pelas tarefas implica que há muita coisa desagradável para fazer.

O que me traz de volta a Fantasy Life, que inicialmente me pareceu reunir as tarefas mais entediantes dos videogames. No entanto, durante o jogo descobri um jeito de virar a mesa. A vida de carpinteiro me entediava, mas a de lenhador me revigorava. Fiquei animado ao procurar árvores raras cortar. Gostei de descobrir que poderia usar a madeira para fazer ferramentas de carpinteiro.

Percebi que todos os 12 trabalhos estavam ligados, e descobri uma nova fantasia — uma onde dependo de mim, onde posso conciliar uma dúzia de profissões para produzir a melhor armadura. Um trabalho único pode ser vida real. Mas 12 trabalhos que se complementam? Isso deve ser o trabalho mais fantástico do videogame.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]