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O dono do Mash Donald’s tenta imitar o McDonald’s | Newsha Tavakolian/para The New York Times
O dono do Mash Donald’s tenta imitar o McDonald’s| Foto: Newsha Tavakolian/para The New York Times

Apesar do palhaço sorridente, símbolo do amor do Grande Satã por carne, pãezinhos e batata fritas, não havia uma multidão ensandecida, de punho cerrados, gritando “Morte aos EUA”.

O aroma era de hambúrgueres suculentos, virados por um adolescente iraniano todo animado chamado Jahan. Há também falafel. Na cozinha, um logotipo imenso muito semelhante aos arcos dourados do McDonald’s, talvez o símbolo mais conhecido do imperialismo norte-americano em termos de fast-food.

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Não, a lanchonete não abriu as portas em Teerã semanas depois de selado o acordo nuclear que afrouxa as sanções internacionais e possivelmente anuncia uma mudança nas atitudes revolucionárias iranianas em relação às empresas norte-americanas; esta é a Mash Donald’s, a versão local.

“Estamos tentando chegar o mais perto possível da experiência McDonald’s”, explica o dono, Hassan, que não quis ter o sobrenome publicado por medo dos radicais de seu país e dos advogados de direitos autorais.

O Mash Donald’s e outras versões da cultura gastronômica norte-americana ganham um espaço cada vez maior nas cidades do Irã, símbolos da ruptura com a narrativa revolucionária oficial dominante desde a deposição do xá e o cerco à Embaixada dos EUA, em 1979.

E ela deve receber uma pressão ainda mais forte se as empresas ocidentais voltarem. Os líderes iranianos torcem para que as grandes empresas petrolíferas invistam no país novamente e estão de olho em parcerias com indústrias de tecnologia.

Entretanto, os linha-dura alertam para a chegada dos forasteiros endinheirados e ideais diferentes, que podem enfraquecer ainda mais os valores propagados pelo Estado. E mandam um recado: os estrangeiros podem até vir, mas nada de trazer seus símbolos de indulgência capitalista.

Gholamali Haddad Adel, legislador influente, se disse consternado ao ver, em alguns jornais iranianos, comentários frívolos sobre a expectativa da chegada de empresas estrangeiras ao país. “Falam do retorno do McDonald’s; estão de braços abertos para os EUA e descrevem suas empresas como se fossem um tesouro”, afirmou ele em entrevista ao site conservador Khabaronline.

Na verdade, nenhuma cadeia norte-americana tem filial no Irã. Há réplicas, sim, que se proliferam com as alterações mais estranhas em seus nomes. Teerã tem um KFC (Kabooki Fried Chicken), um Pizza Hut (Pizza Hat) e um Burger King (Burger House). Hassan confessa que um dia gostaria de representar o McDonald’s de verdade, mas duvida que isso aconteça logo.

“Há dois governos no país; o presidente Hassan Rouhani representa o oficial, mas há outros grupos que continuam não gostando dos EUA. Mal toleram o Mash Donald’s, quanto mais o original”, lamenta.

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