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Passageiros que conversaram com desconhecidos, como parte de experimento, tiveram experiência de viagem mais agradável | Bryan Thomas para The New York Times
Passageiros que conversaram com desconhecidos, como parte de experimento, tiveram experiência de viagem mais agradável| Foto: Bryan Thomas para The New York Times

Ainda que a maioria de nós tenha aprendido a não conversar com desconhecidos, parece que cumprimentar pessoas que não conhecemos pode, na verdade, nos fazer mais felizes. Além disso, olhar os interlocutores nos olhos e conversar sem pressa pode fazer com que nos sintamos mais conectados aos demais.

Os costumes sociais que promovem o silêncio nos transportes públicos podem significar a perda de interações que tornam a vida mais agradável, reportou o "New York Times", mencionando uma experiência que pedia a passageiros de trens que conversassem com desconhecidos.

"Os passageiros de trens de subúrbio que conversaram com desconhecidos reportaram ter passado por uma experiência mais positiva do que aqueles que ficaram sentados sozinhos", escreveram Elizabeth Dunn e Michael Norton, professores e autores de "Dinheiro Feliz: a Arte de Gastar com Inteligência", em artigo para o "New York Times"

"Ainda que a sociedade urbana nos encoraje a não encarar as pessoas, um olhar passageiro pode fazer a diferença no dia de alguém", reportaram Dunn e Norton. Os recém-nascidos instintivamente olham nos olhos das pessoas que estão cuidando deles, e aqueles que não o fazem registram risco mais alto de autismo e esquizofrenia. Crianças e adultos que evitam olhar os interlocutores nos olhos, ou que têm negada essa forma de contato, sofrem maior probabilidade de sentir depressão e isolamento.

"Em lugar de causa e efeito", escreveu Kate Murphy no "NYT", "a hipótese é a de que o relacionamento entre menor contato ocular e problemas psicológicos seja circular e autossustentável".

Essas indicações são perturbadoras em um mundo no qual as pessoas passam mais tempo olhando para telas do que umas para as outras.

Mas a tecnologia também pode oferecer uma solução, na forma de óculos de realidade virtual. Quando o Facebook fechou acordo para adquirir a Oculus VR por US$ 2 bilhões, em março, muita gente questionou que uso, exceto jogar videogames, as pessoas poderiam ter para os "headsets" da companhia —grandes óculos negros que envolvem o rosto e parecem saídos de um filme de ficção científica dos anos 1970.

Ao que parece, um desses usos seria o de fazer com que as pessoas acreditem que estamos prestando muito mais atenção a elas do que de fato estamos. "Pesquisadores demonstraram que reuniões virtuais podem ser ainda melhores do que encontros na vida real, porque nossos avatares podem ser programados para agir de maneira perfeitamente manipuladora, de formas que não seriam possíveis para nós", escreveu Farhad Manjoo no "NYT". "Nos encontros de realidade virtual, todo mundo pode trocar olhares com todo mundo, sugerindo um nível de atenção que talvez não exista na realidade."

Os adeptos da nova tecnologia dizem que é só questão de tempo para que a realidade virtual se torne comum, porque ela é uma extensão de todas as tecnologias em uso hoje —filmes, TV, videoconferência, smartphones e a web. "Hoje, as empresas gastam bilhões em viagens e videoconferências", escreveu Manjoo, "porque mesmo que possamos realizar todo o nosso trabalho de forma remota, o contato face a face é poderoso".

Mas existem certas situações em que o uso do "headset" Oculus Rift seria, por assim dizer, canhestro. Entre os lugares a que isso se aplica estão os bares, especialmente os bares nos quais pessoas buscam a companhia de gente do sexo oposto. Anthony Recenello, que se define como "treinador de desenvolvimento de vida", cobra mil dólares por quatro aulas nas quais acompanha seus clientes a casas noturnas para ajudá-los a conhecer mulheres. Mas enfatiza que o objetivo não é seduzir muitas mulheres.

Recenello diz que os truques de sedução expostos em um best-seller de 2005 "estão desatualizados" e são diferentes do que ele recomenda aos seus alunos —seja você mesmo, seja vulnerável e não se preocupe com a rejeição.

Em recente visita a uma casa noturna em Manhattan, Recenello ofereceu um conselho franco a um cliente sobre como abordar uma mulher.

"O importante é olhá-la nos olhos", disse.

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