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Uma linha férrea abandonada no Queens e a representação artística de um projeto do parque | Damon Winter/The New York Times
Uma linha férrea abandonada no Queens e a representação artística de um projeto do parque| Foto: Damon Winter/The New York Times

Para que serve uma ferrovia abandonada, com trilhos enferrujados e tomados por ervas daninhas, serpenteando por casas, comércios e parques florestais?

Um novo estudo realizado pelas ONGs Fundo para as Terras Públicas e Amigos do QueensWay apresentou um caleidoscópio de possibilidades: uma sala de aula ao ar livre, uma rota para pedestres, uma ciclovia, um polo artístico e um verdejante bálsamo para um canto do Queens carente de parques.

O plano resulta de meses de oficinas e reuniões com grupos comunitários e estabelece a concepção de um parque linear de quase 6 km, a ser chamado de QueensWay, que seria a versão local da popularíssima High Line de Manhattan. Só que melhor, dizem seus defensores. "O plano é bonito, mas altamente funcional", disse Adrian Benepe, do Fundo para as Terras Públicas.

O QueensWay também estaria ligado a dois objetivos políticos do prefeito Bill de Blasio: promover mais equidade no sistema municipal de parques e reduzir as mortes de pedestres.

O parque linear abriria um novo espaço e áreas de lazer para uma faixa diversificada do Queens. Seria acessível a 322 mil moradores que vivem a até 1 km desse antigo ramal da ferrovia de Long Island que ia até a Rockaway Beach.

Os defensores do novo parque argumentam que ele contribuiria para a campanha Visão Zero, criada por De Blasio para reduzir as mortes por atropelamentos, já que proporcionaria um melhor acesso ao parque Forest, que seria atravessado pelo QueensWay. Com cerca de 200 hectares, o Forest liga três das ruas mais perigosas do Queens. Por isso, estima-se que 70% dos 900 mil visitantes anuais usem o carro para chegar ao parque.

"A entrega do QueensWay realmente daria às pessoas uma rota pedestre segura, fora das ruas, para chegar ao parque Forest", disse Adam Lubinsky, diretor-gerente do escritório WXY Architecture & Urban Design, que criou o novo plano em parceria com o DlandStudio Architecture & Landscape Architecture.

Mas a implantação do QueensWay está longe de ser uma certeza. Por um lado, nem todos estão de acordo quanto à concepção. Alguns moradores pressionam pela revitalização da linha de transporte ferroviário de passageiros, enquanto outros, moradores de casas vizinhas, temem a perda de privacidade.

Outro obstáculo é o custo. O novo projeto é estimado em US$ 122 milhões, quase o mesmo valor da Iniciativa de Parques Comunitários, recentemente anunciada por De Blasio. Esse projeto de US$ 130 milhões prevê a recuperação de 35 pequenos parques negligenciados em áreas de baixa renda em toda a cidade.

O plano já foi apresentado aos funcionários municipais de parques e transportes e à Câmara Municipal. Mas a resposta até agora é evasiva. "Esperamos continuar as conversas com os interessados sobre o futuro deste patrimônio", disse Wiley Norvell, porta-voz do gabinete do prefeito.

Uma das vantagens do projeto QueensWay é que a cidade já é dona da linha férrea, que abrange 19 hectares e inclui várias pontes e estruturas. Assim, se o plano avançar, não haveria a necessidade de negociar com terceiros.

O plano se esforça em manter muitas das árvores e arbustos que surgiram desde que os trens de passageiros e carga pararam de circular, em 1962.

"A vantagem de deixar o local vago por muito tempo é que temos alguns carvalhos, plátanos e nogueiras muitos grandes", disse Susannah Drake, do DlandStudio. "Sobre o viaduto brotaram algumas coisas menores, como rosas selvagens e cedros."

Uma parede de escalada foi concebida sob um viaduto que passa sobre a linha férrea no parque Forest. No bairro de Ozone Park, uma estação de energia desativada ao lado do QueensWay, com amplas janelas, seria convertida em um espaço artístico. Perto dali, um novo pavilhão ofereceria um local para jogos e apresentações.

Para garantir a privacidade, os urbanistas deixaram a ciclovia mais perto das casas, já que os pedestres estariam mais propensos que os ciclistas a espiar pelas janelas. Cercas e vegetações perenes criariam uma proteção adicional, segundo eles.

E as luzes seriam desligadas. "Nessas passagens", disse Lubinsky, "as luzes estariam no nível do passeio, para que as pessoas não precisem se preocupar com a poluição luminosa que entra pelas janelas."

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