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André 3000 diz que usar figurinos facilita a interpretação. Ele é o protagonista em um filme biográfico sobre Jimi Hendrix | Amber Fouts para The New York Times
André 3000 diz que usar figurinos facilita a interpretação. Ele é o protagonista em um filme biográfico sobre Jimi Hendrix| Foto: Amber Fouts para The New York Times

Desde abril, André 3000 está viajando para se apresentar em diversos festivais ao lado de seu velho parceiro Big Boi, comemorando o 20° aniversário de seu disco de estreia como Outkast. Usando seu verdadeiro nome, André Benjamin, ele também é o intérprete de Jimi Hendrix em "Jimi: All Is by My Side" (Jimi: tudo está a meu favor), um filme biográfico sobre o lendário roqueiro.

Nos oito anos após os últimos projetos do Outkast, o disco "Idlewild" e o filme "Idlewild - Malandros Acima da Lei", sobre os tempos da Lei Seca nos Estados Unidos, André 3000, agora com 39 anos, tornou-se uma das figuras mais reclusas da música pop.

Na melhor parte de sua carreira, André 3000 se destacou pelo pioneirismo. O Outkast foi um titã do hip-hop sulista, que inicialmente era desprezado por puristas. No álbum duplo "Speakerboxxx/The Love Below", de 2003, que foi premiado com 11 discos de platina, ele abandonou o rap por um canto suave, muito antes da melodia se tornar emblemática do hip-hop. Suas incursões na moda (Benjamin Bixby) e em animações para televisão ("Class of 3000") fariam bem mais sentido — e teriam muito mais impacto — alguns anos depois. Sob muitos aspectos, André 3000 antecipou o som e a forma do hip-hop atual.

André 3000 estava em sua cidade natal quando concedeu esta entrevista, cujos excertos estão abaixo, na qual aborda a morte de seus pais, seus acessos de autocrítica e suas tentativas constantes para se redefinir como artista.

P. Você tem participado de vários projetos sobre Hendrix ao longo dos anos. O que espera transmitir sobre ele nesse novo filme?

R. Eu pensei no que Hendrix gostaria que as pessoas soubessem sobre ele que não esteja no YouTube. Ele era um deus, um ídolo no palco, mas era o oposto na vida real.

P. Eu ouvi dizer que você não queria se tornar um velho rapper.

R. Lembro de que eu dizia, por volta dos meus 25 anos, que não queria ser um rapper quarentão. Hoje tenho 39 anos e continuo com a mesma opinião. Gosto tanto desse gênero musical que não quero contaminá-lo com sangue velho.

P. Você acha que dá alguma contribuição importante quando se apresenta?

R. Meu filho tem 16 anos. Quando ele e seus amigos estão no carro, eu pergunto: "O que vocês acham desse verso?". Hoje em dia, eles são meu termômetro para o que os jovens gostam. Parte da arte é saber quando não se deve carregar nas tintas e a hora de mudar sua forma de expressão.

P. Depois de tanto tempo, foi difícil voltar aos palcos nessa turnê atual?

R. Com certeza, acho que as pessoas podiam perceber isso em Coachella, onde fiz a primeira apresentação. Minha cabeça estava em outro lugar.

P. Na turnê você usa macacões, perucas e óculos escuros. A ideia é se esconder?

R. É sempre mais fácil interpretar personagens.

P. Você perdeu seus pais um pouco antes da turnê. Você chegou a pensar em cancelar os shows?

R. Não, na verdade a turnê foi a maior bênção. Esses shows me obrigam a estar diante das pessoas, então isso tem funcionado como uma boa terapia.

P. Hoje em dia, quanto tempo você dedica a seu papel como pai?

R. Seven frequenta uma escola em Atlanta há dois anos. Toda manhã eu acordo para levá-lo à escola, volto depois para buscá-lo e vamos juntos a jogos de futebol e torneios de lutas. Sou um pai bem presente, o que é ótimo para compensar minha ausência nos anos iniciais do Outkast. Como estávamos no auge, grande parte do tempo que eu deveria ter passado com ele foi gasto em viagens para divertir outras pessoas.

P. O fato de você ter parado de fazer música tem a ver com essa vida agitada de rapper?

R. Não. O problema é que sou idealista. Quero sempre fazer coisas que surpreendam as pessoas. Então, se eu estiver em um lugar e sentir que estou regurgitando ou fazendo a mesma coisa, isso me faz mal. Fico entediado rapidamente. Descobri no rap algo que começou a se tornar aceitável. Não era rebelde. No entanto, existe algo mais transgressor do que cantar canções emotivas de amor [em sua metade de "Speakerboxxx/The Love Below"], quando todos os outros estão fazendo cara de mau e dizendo "eu sou o cara"?

P. Como tem sido sua vida criativa nos últimos anos? Pergunto isso porque você ficou muito recluso.

R. Eu anoto ideias, pensamentos. As melodias surgem mais facilmente na minha cabeça do que raps. Fico sentado em minha casa me distraindo e tenho desenhado e pintado bastante. Sempre usei figurinos, coisas que ia usar no palco. Eu me vejo em movimento em um espaço visual.

P. Então, não há planos para um novo disco, mas veremos suas obras expostas em uma galeria?

R. Não, eu adoraria lançar um disco.

P. Com canções ou rap?

R. Honestamente, é difícil dizer.

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