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Velas e brinquedos são deixados em memorial às vítimas do massacre em Newtown | Brendan Smialowski/AFP
Velas e brinquedos são deixados em memorial às vítimas do massacre em Newtown| Foto: Brendan Smialowski/AFP

Sob um céu cinza, a pequena cidade de Newtown, em Connecticut, enterrou nesta terça-feira (18) duas das crianças que foram assassinadas no massacre da sexta-feira passada, enquanto segue tentando entender os motivos de um crime que comoveu o mundo todo.

As investigações avançam lentamente e, por enquanto, só acrescentam mais detalhes brutais, como que o autor, o jovem introvertido Adam Lanza, disparou quatro vezes na cabeça de sua mãe, Nancy, enquanto ela dormia, segundo revelou Wayne Carver, diretor do Departamento Legista de Connecticut.

A personalidade da mãe, colecionadora de armas e praticante de tiro, guarda sem dúvida uma das chaves para desvendar este sangrento incidente. A outra, certamente, estava na cabeça do autor.

O legista detalhou ainda que o jovem Lanza, de 20 anos, se suicidou na escola com um único disparo na testa.

Carver descartou que Adam estivesse sob medicação no momento em que perpetrou o massacre, como havia sido cogitado após as declarações de seu tio Jonathan, que disse que o menino estava sendo tratado contra a esquizofrenia.

No entanto, os pais - divorciados - de Lanza haviam dito em alguma ocasião a seu círculo de amigos que seu filho sofria da síndrome de Asperger, um variante do autismo, mas não se sabe ainda se havia sido diagnosticado formalmente.

As investigações continuam na confortável casa que o atirador dividia com sua mãe, onde os agentes apreenderam telefones celulares, computadores e videogames de computador.

As autoridades estão tentando acessar, sob ordem de registro, o histórico médico do jovem, com o objetivo de elucidar a maior incógnita que fica: o motivo de tamanha tragédia.

Os moradores de Newtown seguem sem sair de um pesadelo, no qual os pequenos caixões e as famílias em luto se misturam com os visitantes chegados de todo o país para expressar seu apoio e solidariedade.

Os corpos de James Mattioli e Jessica Rekos, ambos de seis anos de idade, foram enterrados hoje, depois que ontem aconteceu o funeral de Jack Pinto e Noha Pozner, da mesma idade.

Apenas os familiares das crianças puderam participar dos funerais, que aconteceram em um clima carregado de consternação e de dor.

Cerimônia

Alguns dos amigos mais próximos tentaram entrar na cerimônia, mas as medidas de segurança continuam sendo muito restritivas, e tiveram que esperar do lado de fora da igreja, enquanto acontecia a missa.

Foi o caso de Jackie Acosta, amiga do avô de Jessica Rekos, que viajou de Denver (Colorado) para apoiar à família da menina.

"Estou aqui por eles, estou muito triste porque não pude entrar. Jessica era muito linda, muito bonita, era um anjo", disse à Agência Efe visivelmente emocionada.

"Tenho três filhos e como mãe não queria nunca que um filho meu se fosse primeiro que eu", acrescentou.

Amanhã serão realizados os funerais da diretora da escola, Dawn Hochsprung, e das crianças Daniel Barden, Caroline Previdi e Chase Kowalski.

Além disso, em Stratford acontecerá o funeral da professora de origem porto-riquenha Victoria Soto, considerada uma das heroínas da tragédia porque escondeu seus alunos em um armário e usou seu corpo para protegê-las de Adam.

Newtown tenta voltar pouco a pouco à normalidade, embora ainda restem muitas vítimas para serem enterradas, e hoje reabriu as portas de seus centros educativos, exceto as da escola elementar Sandy Hook, onde aconteceu o massacre.

Segundo explicou o chefe da Polícia Estadual de Connecticut, Paul Vance, a investigação sobre a cena do crime ainda está em curso e pode durar meses. Não se descarta que a escola não volte a abrir nunca mais.

Enquanto isso, os alunos da escola elementar Sandy Hook utilizarão as instalações de outro edifício, Chalk Hill, que está em desuso na cidade vizinha de Monroe, mas só iniciarão as aulas em 2013.

A Polícia de Newtown prevê destacar agentes nas seis escolas que reabriram na manhã de hoje para proporcionar segurança aos mais de 4,7 mil estudantes que voltaram, traumatizados, às salas de aula.

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