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Manifestantes bloqueiam rodovia em Manágua em protesto contra a construção do canal que irá atravessar a Nicarágua | Reuters
Manifestantes bloqueiam rodovia em Manágua em protesto contra a construção do canal que irá atravessar a Nicarágua| Foto: Reuters

Efeitos

Empreendimento deverá desalojar 29 mil pessoas

A HKND contratou a respeitável empresa britânica de consultoria Environmental Resources Management (ERM), cerca de um ano atrás, para avaliar os impactos ambiental e social do projeto, que deve desalojar 29 mil pessoas. No final de julho, apenas duas semanas depois de a HKND ter anunciado sua preferência de rota para o canal, a consultoria britânica realizou reuniões em sete cidades durante dez dias, segundo documento divulgado no site da HKND.

Alguns dos que participaram das reuniões saíram com a sensação de que foram apenas notificados do que aconteceria, em vez de participarem de um debate. Os que perguntaram quanto receberiam por suas terras foram informados que autoridades iriam a cada propriedade para informá-los.

Em comunicado emitido na última segunda-feira, a ERM negou-se a discutir o conteúdo dos estudos, afirmando que o trabalho ainda está em andamento e que seria prematuro divulgar algo agora. Em novembro, a companhia disse que os estudos estariam concluídos.

Contrários

Moradores temem perder terras sem indenização justa

Milhares de nicaraguenses têm protestado contra o projeto, temendo que suas terras sejam tomadas sem uma indenização justa. "Não vamos permitir que eles nos chutem de nossas propriedades. Estamos prontos para morrer antes de darmos nossas terras aos chineses", disse Orlando Ocampo, que lidera os fazendeiros de Tule, uma cidade a cerca de 250 quilômetros a sudeste de Manágua, do lado caribenho da rota do canal.

Ambientalistas acusam o governo de controlar os estudos de impacto ambiental e de ignorar as ameaças que o tráfego de carga pesada representa ao lago Nicarágua, a principal fonte de água do país.

Impacto

O grupo Cocibolca, que reúne organizações não-governamentais, comunidades e pessoas ligadas ao meio ambiente, emitiu um comunicado dizendo ser irresponsabilidade iniciar a construção antes da conclusão dos relatórios sobre impacto social e ambiental.

Consultas

A empresa de consultoria ERM nega possíveis danos sociais e ambientais e garante que milhares de pessoas e residências foram pesquisadas. Além disso, informou que mais consultas serão realizadas com indígenas e comunidades a serem afetadas.

Autoridades nicaraguenses e a companhia chinesa HKND inauguraram na última segunda-feira as obras de construção de um canal transoceânico que vai competir com o Canal do Panamá. A obra, avaliada em US$ 50 bilhões (R$ 135 bilhões), tem sido alvo de irritação e protestos dos cidadãos do país nas últimas semanas.

INFOGRÁFICO: Veja como está a construção do canal de navegação da Nicarágua

O presidente Daniel Ortega, ao lado do presidente do grupo HKND, Wang Jing, disse que o canal vai mudar a economia da Nicarágua, um dos países mais pobres da América Latina, e do restante do hemisfério.

Em discurso transmitido pela televisão, Ortega prometeu que o projeto terá impacto mínimo no meio ambiente e que os fazendeiros preocupados com suas terras receberão um preço justo por suas propriedades.

"Estar perto de estradas e do desenvolvimento nas proximidades do canal será melhor do que temos agora", afirmou o presidente. "Os fazendeiros pedem estradas e esses projetos trarão mais riquezas para eles e suas famílias."

A inauguração marcou o início de alguns projetos auxiliares em Brito, cidade que fica a cerca de 5 quilômetros da costa do Pacífico, onde o primeiro porto será construído. Autoridades dizem que o canal estará totalmente operacional em 2020.

O projeto se estende por 278 quilômetros entre o Caribe e o Pacífico. O canal será a realização de um sonho que já foi estudado e descartado várias vezes desde o início dos anos 1800.

No ano passado, aliados de Ortega no Congresso aceleraram a aprovação da legislação que concedeu à HKND, cuja sede fica em Hong Kong, uma concessão por 50 anos, renováveis por mais 50, para a construção e operação do canal em troca do pagamento de US$ 10 milhões por ano, assim que a obra estiver em funcionamento. A lei permite que a HKND desenvolva projetos auxiliares - portos, aeroportos, estradas e uma ferrovia - mesmo que o canal não seja construído.

Segundo a Environmental Resources Management (ERM), empresa britânica de consultoria contratada pela HKND, um grande número de especialistas de diversas áreas, de ecologistas a cientistas sociais e experts em mudanças climáticas estão envolvidos nos trabalhos relacionados à construção do canal.

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