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Eleitores enfrentam filas em Soweto para exercer o direito do voto nas eleições da África do Sul | Siphiwe Sibeko / Reuters
Eleitores enfrentam filas em Soweto para exercer o direito do voto nas eleições da África do Sul| Foto: Siphiwe Sibeko / Reuters

O candidato favorito para vencer as eleições realizadas na África do Sul está sempre no centro de grandes polêmicas. Com acusações de corrupção e estupro, o líder dos zulus (etnia da maioria dos negros do país) é um combatente de métodos contraceptivos e fiel adorador da poligamia.

Enquanto comemorava os 50 anos de união com a senhora Zuma de número 1, dedicava tempo para escolher a quarta da lista. Para o líder do CNA (Congresso Nacional Africano), todas elas têm o mesmo espaço em seu coração. "Há muitos políticos que têm amantes e bastardos e fingem que são monogâmicos. Eu prefiro ser aberto, até porque amo todas as minhas esposas e tenho orgulho de todos os meus filhos", declara publicamente sempre que é questionado. Sobre os filhos, na verdade, quase faltam dedos para contar. No total são 18. Uma prole que não para de crescer e que estimulou um processo de investigação dentro do partido, já que como provedor, o ele deve dar assistência a todos os Zuma.

Mas, se o provável futuro presidente ama mesmo todas as mulheres de forma igual e todas são legais diante da cultura zulu, quem será a primeira-dama? Segundo a tradição zulu, Sizakele Khumaloa, a senhora Zuma mais antiga (que já não é primeira há muito tempo) deveria ser a companheira presente ao lado do marido, mas nos últimos tempos quem aparece ao lado dele e é toda sorrisos é a última (pelo menos até agora), Nompumelelo Mantuli, 33 anos, com quem ele tem dois filhos.

"Coleção"

Apesar de polêmica, a prática não é mal vista por eles. Basta apenas que o homem declare a escolha e que as mulheres deem autorização para as novas uniões. Fácil assim! Deste jeito, Zuma já pensa em fazer uma ‘coleção’ de seis esposas! Na fila para a quinta colocada está Thobeka Mabhija, 34 anos, que no próximo ano deverá ser oficialmente escolhida para o cargo de mais uma senhora Zuma. Mas, antes mesmo de ela ser escolhida, ele está de olho em adquirir, em um futuro próximo, a pretendente de número seis, Bongi Ngema, mãe de um dos seus filhos mais novos, de dois anos.

Sobre a poligamia do presidente, a maioria dos brancos estabelece um consenso de que é sinal do atraso, enquanto grande parte da população negra diz que Zuma tem o direito de seguir a sua cultura. Lwandile Mfulatewa, 29 anos, é um desses que não vê problema algum em ter muitas mulheres. "Muitos homens daqui tem várias mulheres. Isso é bem normal na cultura deles", fala mencionando o costume zulu e lembrando que os xhosa (uma das maiores etnias dentro da população após a zulu) têm oficialmente uma mulher.

"Eu sou xhosa e casado com uma única mulher. Não penso em me casar várias vezes". Antes de ele terminar a frase, Palema Menziwa, 28 anos, que trabalha com Lwandile em um posto de gasolina o interrompeu dizendo que não é bem assim não! "Isso não é coisa só de zulu. Ele só não tem mais mulher porque não tem dinheiro para bancar!", conta a também xhosa que de tão natural que é a poligamia entre os negros, não tem opinião crítica formada.

Exemplo

Vindo de Johanesburgo, de onde é muito mais comum encontrar os zulus, Tyrese Mandana, 23 anos, mesmo sendo da mesma etnia de Zuma, não concorda com o comportamento do futuro presidente. "Acho que não é postura que um presidente deve ter. Ele acaba deixando de lado a questão da estrutura familiar, além de não ser um bom exemplo para a população", fala o gerente de um bar da Cidade do Cabo, mencionando problemas que a poligamia pode acarretar.

"Eles gastam muito dinheiro para sustentar tanta gente, além de não usarem métodos contraceptivos e, simplesmente, ignorarem a Aids", complementa Tyrese deixando uma reflexão sobre a epidemia de HIV no país, líder absoluto no mundo em número de soro-positivos (aproximadamente 6 milhões, segundo o TAC – instituição referência no combate à Aids), especialmente, entre a população negra.

Eleição

A quarta eleição democrática da África do Sul desde a queda do "apartheid", em 1994, terminou às 21h desta quarta-feira (16h em Brasília), mas as urnas continuarão abertas nos colégios em que ainda há filas ou faltou material para a votação.

A Comissão Eleitoral Independente (CEI) informou que a decisão de manter os colégios eleitorais abertos foi tomada depois que o governista Congresso Nacional Africano (CNA) pediu a ampliação da jornada e a opositora Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês) ameaçou denunciar as autoridades pela falta de materiais em três províncias.

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