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Por meio de uma mensagem pela televisão, Mikhail Gorbachev comunicava a desintegração da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 25 de dezembro de 1991.

Junto com sua renúncia, Gorbachev assinou um decreto através do qual passava o comando do poderio nuclear soviético a Boris Yeltsin, então presidente da Rússia, país que se erguia como herdeiro jurídico da URSS.

O presidente da União Soviética se rendia perante a evidência: uma das duas potências mundiais do século XX tinha deixado de existir. Em apenas três semanas, Yelsin assinou com o presidente da Ucrânia, Leonid Kravchuk, e o presidente do Parlamento de Belarus, Stanislav Shushkevich, a carta que decretava o fim do país.

Em uma reunião, os dirigentes das três repúblicas eslavas da URSS declararam que esta tinha deixado de existir como "sujeito de relações internacionais" e criaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).

Haviam se passado apenas três meses e meio depois da frustrada tentativa golpista perpetrada pela cúpula do Partido Comunista para impedir a desintegração do Estado, cujo fracasso acabou com o Partido Comunista da União Soviética - único vínculo que sustentava a união de mais de cem povos.

Cerca de 15 anos depois, o então presidente russo Vladimir Putin disse que a desintegração da URSS foi a "maior catástrofe geopolítica do século". Seu antecessor e um dos atores desta catástrofe, Yeltsin replicaria em 2006, em entrevista ao jornal "Rossiiskaya Gazeta", que o afundamento da União Soviética era inevitável.

"Não se pode esquecer que nos últimos anos da União Soviética a população vivia muito mal (...) Agora esquecem o que eram as lojas vazias, esquecem o que era temer expressar qualquer pensamento próprio que diferisse da linha geral do partido. E isto por nenhum motivo deve ser esquecido", disse Yeltsin.

Depois de 20 anos do desaparecimento da URSS, analistas e políticos seguem com os debates sobre a queda deste império, a fim de descobrir se teve suas origens no proprio modelo político-econômico ou nos erros de sua aplicação, nas reformas ou na falta delas.

"A queda da URSS foi uma catástrofe, a morte de um grande Estado... Gorbachev e o Partido Comunista tiveram oportunidade de criar um sistema democrático com eleições pluralistas...esse era o caminho", disse à Agência Efe Sergei Mironov, líder do partido Rússia Justa, e até pouco tempo presidente do Senado russo.

Em sua opinião, o mais importante era "reformar a economia seguindo o caminho da China, que se chama de socialista com um Partido Comunista governante, mas ao invés disso são uns pragmáticos e muito de direita".

No dia em que Gorbachev anunciou sua renúncia, "todos meus pensamentos e sentimentos estavam centrados na Geórgia, que então já era um Estado juridicamente independente", disse o ex-chanceler soviético e ex-presidente da Geórgia Eduard Shevardnadze, que garante não sentir "saudades da União Soviética".

"Seus dirigentes de então fizeram tudo para destruí-la. E isso ocorreu, em primeiro lugar, pelo confronto de dois líderes: Mikhail Gorbachev e Boris Yeltsin", garante Shevardnadze.

No entanto, o veterano político georgiano admitiu que quatro anos antes da desintegração da URSS já tinha chegado à conclusão de que seu fim aconteceria "cedo ou tarde, como ocorre com todos os impérios".

"Me equivoquei nos prazos: pensava que a União Soviética se manteria por outros 11 ou 12 anos", acrescentou Shevardnadze, para quem "as condições objetivas e subjetivas se desenvolveram de tal maneira que era impossível conservar a URSS".

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