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| Foto: Jonatan Nackstrand/AFP

Os britânicos David Thouless, F. Duncan Haldane e J. Michael Kosterlitz, que trabalham nos Estados Unidos, foram anunciados, nesta terça-feira (4), como os vencedores do Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a matéria. Na mesma categoria, estava cotado para receber o prêmio o curitibano Celso Grebogi, graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Os estudos conduzidos pelo trio vencedor abriram portas para características desconhecidas da matéria. De acordo com o Instituto Nobel, eles usaram métodos avançados de matemática para estudar temas como supercondutores, superfluídos ou filmes magnéticos, que podem fornecer novas aplicações para a eletrônica e a ciência de materiais.

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“Suas descobertas permitiram avanços na compreensão teórica dos mistérios da matéria e criaram novas perspectivas para o desenvolvimento de materiais inovadores”, destacou a Fundação Nobel.

No início da década de 1970, Michael Kosterlitz e David Thouless revolucionaram a teoria até então corrente de que supercondutividade ou superfluidez não poderiam ocorrer em camadas finas. Por meio de complexos cálculos matemáticos, eles demonstraram que a supercondutividade poderia ocorrer em baixas temperaturas e explicaram o mecanismo, a transição de fase, que fazem com que a supercondutividade desapareça em altas temperaturas.

Na década seguinte, Thouless foi capaz de explicar um experimento anterior com camadas condutoras de eletricidade muito finas, nas quais a condutância foi precisamente medida. Na mesma época, Duncan Haldane descobriu como conceitos topológicos podem ser usados para entender as propriedades de cadeias de pequenos ímãs encontrados em alguns materiais.

Por causa desses estudos pioneiros, hoje é possível conhecer muitas fases topológicas, não apenas em camadas finas e linhas, mas também em materiais tridimensionais.

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Durante a última décadas, as pesquisas sobre novos materiais se aceleraram, criando a esperança de que materiais topológicos possam ser usados nas novas gerações de eletrônicos e supercondutores, ou na computação quântica.

“As pesquisas atuais estão revelando segredos da matéria em mundos exóticos descobertos pelos laureados pelo Nobel deste ano”, diz a Fundação Nobel.

Pesquisador curitibano e a teoria de controle de sistemas caóticos

Criado no Boqueirão, o curitibano Celso Grebogi esteve entre o seleto grupo de cientistas cotados para receber o Prêmio Nobel de Física. O nome dele foi citado no 2016 Thomson Reuters Citation Laureates, lista que já previu 39 laureados desde 2002.

Segundo a publicação, a presença do nome do cientista paranaense na lista se justificava pelo fato de ele ter descrito, em co-autoria com Edward Ott e James A. Yorke, uma teoria de controle de sistemas caóticos, o Método OGY, como foi batizado em referência às iniciais dos pesquisadores.

O trabalho de Grebogi, Ott e Yorke desafiou a convicção científica de que o caos era incontrolável e se tornou referência na área. A pesquisa do professor em dinâmica caótica combina métodos e técnicas analíticas com extensos experimentos computacionais de alta tecnologia com o objetivo de estabelecer princípios matemáticos básicos que cientistas e engenheiros possam aplicar em seus próprios campos.

Com mais de 400 publicações e centenas de palestras em conferências, universidades e instituições de pesquisa, Grebogi recebeu vários prêmios e títulos. Entre eles estão o de doutor honoris causa da University of Potsdam (Alemanha) e da Le Havre University (França) e o de professor honorário da University of Aberdeen (Escócia), da Xi’an University of Technology (China), da Lanzhou University (China) e da Xi’an Jiaotong University (China).

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