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Suu Kyi: oposicionista diz estar mais realista politicamente e pronta para fazer concessões | Christophe Archambault / AFP
Suu Kyi: oposicionista diz estar mais realista politicamente e pronta para fazer concessões| Foto: Christophe Archambault / AFP

A líder pró-democracia e Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, de Mianmar, ganhou – depois de uma luta de duas décadas contra a ditadura local – um assento como deputada no Parlamento local ontem, segundo balanço de seu partido. A eleição é um teste para as reformas adotadas pelos dirigentes militares e poderá convencer o Ocidente a acabar com as sanções ao país. A Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Suu Kyi, diz ter conquistado pelo menos 19 dos 45 assentos disponíveis. A Comissão Eleitoral de Mianmar, no entanto, ainda não confirmou os resultados das eleições.

Os Estados Unidos e a União Europeia indicaram que algumas sanções – impostas nas últimas duas décadas em resposta a violações dos direitos humanos – poderiam ser removidas se a eleição fosse livre e justa, fato que desencadeou uma onda de investimentos no país, que é pobre, mas conta com recursos naturais e faz fronteiras com a Índia e a China, potências emergentes.

Para ser digna de crédito, a votação precisa ter o aval de Suu Kyi, que foi libertada da prisão domiciliar em novembro de 2010, seis dias depois de um eleição geral amplamente criticada, a qual abriu caminho para o fim do governo militar direto e a abertura de um Parlamento formado, na maioria, por militares na ativa ou reformados.

O presidente Thein Sein, general integrante da antiga junta militar, surpreendeu o mundo com uma dramática reforma política desde que os militares tomaram o poder em 1962. No prazo de um ano, o governo libertou centenas de prisioneiros políticos, firmou acordos de paz com rebeldes de minorias étnicas, relaxou a censura à mídia, permitiu a atividade de sindicatos e mostrou sinais de recuar da órbita política e econômica da China, seu poderoso vizinho.

Aos 66 anos, Suu Kyi diz estar mais realista e pronta a fazer concessões. Entre as suas prioridades estão a introdução do Estado de Direito, acabar com antigas insurreições étnicas e corrigir a constituição de 2008, que garante aos militares uma participação política e uma forte influência sobre o país.

Alguns críticos dizem que Suu Kyi está trabalhando perto demais de um governo que está cheio dos mesmos antigos generais que perseguiram os dissidentes, e temem que ela esteja sendo explorada para convencer o Ocidente a acabar com as sanções e fazer o Legislativo parecer eficaz.

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