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Stefan Hell, um dos pesquisadores agraciados com o Nobel: descoberta foi de grande importância para entender como as células funcionam | Kai Pfaffenbach/Reuters
Stefan Hell, um dos pesquisadores agraciados com o Nobel: descoberta foi de grande importância para entender como as células funcionam| Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

Técnica

Chave da descoberta foi usar fluorescência para enxergar células

Folhapress

Trabalhando separadamente, os três pesquisadores agraciados com o Nobel de Química superaram um limite da ciência estabelecido em 1873: quão pequeno pode ser um organismo vivo enxergado por um microscópio. No século 19, o microscopista Ernst Abbe estipulou o limite físico para a resolução da microscopia tradicional, que usa luz para enxergar: 0,2 micrômetros.

A chave para chegar a outros avanços foi usar fluorescência: fazer as moléculas das células brilharem para aumentar o foco e a resolução do microscópio. Antes, para enxergar estruturas muito pequenas, como as partes de uma célula ou um vírus, era preciso usar microscopia eletrônica, que não pode ser empregada em estruturas vivas, porque requer fatiar a amostra.

Dinâmica

Com o trabalho dos três, foi possível ver a dinâmica das células, entender como elas funcionam e o que acontece quando elas estão doentes, por exemplo. Em 2000, Stefan Hell desenvolveu um método que usa dois feixes de laser: um estimula o brilho de moléculas fluorescentes e o outro elimina toda a fluorescência que não esteja na escala desejada. Assim, é possível fazer uma varredura só no nível nanométrico.

Betzig e Moerner criaram um método para estudar molécula por molécula, ligando e desligando a fluorescência em cada uma delas. São feitas diversas varreduras na amostra até que se documentem todas as moléculas desejadas. A sobreposição das imagens cria uma imagem de altíssima resolução em nível molecular, e foi usada pela primeira vez em 2006 por Betzig.

  • William Moerner estava no Brasil quando recebeu a notícia
  • Eric Betzig celebrou a conquista com flores e champanhe

Um cientista alemão e dois norte-americanos venceram ontem o prêmio Nobel de Química de 2014 por terem quebrado uma barreira na capacidade de observação de microscópios ópticos, permitindo aos pesquisadores observarem moléculas específicas dentro de células vivas.

Os norte-americanos Eric Betzig e William Moerner e o alemão Stefan Hell ganharam o prêmio por terem usado a fluorescência para levar a microscopia a um nível inovador, tornando possível o estudo em tempo real de fenômenos como sinapses em células cerebrais. "O seu trabalho inovador levou a microscopia óptica para a nanodimensão", disse a Academia Real de Ciências sueca, que concede a premiação de 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,6 milhões).

Detalhamento

Em 1873, cientistas chegaram a acreditar que existiria um limite para o que poderia ser observado quando Ernst Abbe estipulou que a resolução do microscópio óptico não poderia nunca exceder os 0,2 micrômetros, ou 500 vezes menos do que a espessura de um cabelo humano. Mas os três vencedores do Nobel ultrapassaram esse limite ao examinarem moléculas fluorescentes para elaborar imagens muito mais detalhadas, liderando a criação da "nanoscopia", hoje amplamente utilizada para observar o funcionamento molecular interno de células vivas.

Os microscópios modernos em nanoescala podem seguir proteínas individualmente para melhor compreender doenças como Alzheimer e Parkinson, ou acompanhar o desenvolvimento de óvulos fertilizados à medida que se dividem e tornam-se embriões. "Isso é muito, muito importante para entender como a célula funciona e entender o que dá errado se a célula é doente", disse Hell em uma coletiva de imprensa por telefone após tomar conhecimento da premiação.

Calendário 2014

Academia Sueca atribui prêmios para seis categorias do conhecimento:

Medicina

John O’Keefe (anglo-americano), May-Britt Moser e Edvard Moser (noruegueses), pela descoberta das células que fazem parte do sistema de posicionamento geográfico que funciona no cérebro humano.

Física

Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura (japoneses) — pela invenção do LED (diodo emissor de luz) da cor azul, sem o qual as fontes emissoras de luz branca — formada pela junção de LEDs vermelho, verde e azul —, mais econômicas e potentes, não seriam possíveis.

Química

Eric Betzig e William Moerner (americanos) e Stefan Hell (alemão) quebraram uma barreira na capacidade de observação de microscópios ópticos, permitindo aos pesquisadores observarem moléculas específicas dentro de células vivas.

Hoje:Literatura.

Sexta-feira: Paz.

Segunda-feira: Economia.

Fonte: Nobelprize.org

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