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Georgette Norman, diretora do museu sobre Rosa Parks, posa ao lado do busto da líder negra | Damià Bonmatí/Efe
Georgette Norman, diretora do museu sobre Rosa Parks, posa ao lado do busto da líder negra| Foto: Damià Bonmatí/Efe

Protestos

"Não" de Rosa Parks se somou a exortações de Martin Luther King Jr.

Rosa Parks não foi a primeira mulher de Montgomery a protestar, mas foi a primeira que fez história. "Foi uma catalisadora da mudança", diz Georgette Norman, diretora do museu dedicado à costureira "silenciosa e forte que não queria bustos nem homenagens".

"Estamos cansados de ficar segregados e humilhados. Não temos alternativa a não ser protestar", proclamou, em uma igreja a seis quadras do local em que Rosa Parks foi presa, um pastor recém-chegado à cidade e que se tornou o líder do movimento. Era Martin Luther King Jr.

A comunidade soube que aquele era o momento e começou um boicote para que nenhum operário negro e nenhuma empregada fosse trabalhar de ônibus: pegavam um táxi ou caminhavam duas horas sob o sol. A greve, que durou 381 dias, culminou com uma resolução do Tribunal Supremo que tornou ilegais os ônibus segregados na cidade.

1964 foi o ano em que Lyndon B. Johnson, o vice-presidente que assumiu após o assassinato do presidente John F. Kennedy, sancionou a lei que acabou com a discriminação no espaço público dos EUA. O ato foi realizado no dia 2 de julho.

O "não" dela mudou a história dos EUA. Rosa Parks, a costureira negra de Mont­­gomery, no estado do Ala­­ba­­ma, que se negou em 1955 a ceder lugar no ônibus para um branco, é um dos símbolos do movimento que deu força à comunidade afro-americana para brigar por igualdade.

A lei de Direitos Civis que proibiu a discriminação nos EUA completou ontem meio século. Foi uma das maiores conquistas do movimento baseado na ação pacífica e na voz de líderes como Martin Luther King e Rosa Parks.

Na cidade de Montgomery, núcleo desse movimento histórico, o vigia do cemitério de Oakwood guarda exemplos dessa história.

"Nessa região, só há afro-americanos enterrados. [As cores] não podiam se misturar", explica diante das sepulturas mais rústicas, nas quais estão os corpos de escravos do século 19 e de "cidadãos de segunda" do século 20.

No segregado sul do país, os negros nasciam em hospitais separados, não podiam estudar nas escolas dos brancos, nem viajar sentados, nem comer em restaurantes, nem usar o mesmo banheiro público.

Os pais de Linda Brown, uma menina de sete anos do Kansas, não aceitavam que a filha viajasse diariamente até uma afastada escola para negros pois dispunham de uma instituição pública no bairro em que viviam (mas que era para brancos).

O caso dos Brown chegou ao Supremo Tribunal e, em 1954, a máxima instância judicial dos Estados Unidos deu razão ao casal: haver escolas só para brancos e outras só para negros era inconstitucional.

Conquistas

Em pouco mais de uma década, os afro-americanos, por meio dos advogados da Associação Nacional para o Avanço de Gente de Cor (NAACP, na sigla em inglês), conseguiram que a justiça desbancasse as escolas segregadas, além dos ônibus, as estações e os trabalhos reservados aos brancos. Martin Luther King Jr. foi testemunha das grandes mudanças legislativas e premiado com o Nobel da Paz, mas também acabaria morto com um tiro em 1968, aos 39 anos.

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