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As novas imagens de soldados americanos maltratando prisioneiros iraquianos minaram o respeito dos árabes pelo Ocidente, e devem aumentar ainda mais a indignação provocada pelas charges do profeta Maomé, disseram árabes nesta quinta-feira.

As fotos foram manchete dos jornais do Oriente Médio, um dia depois de uma emissora de TV australiana ter divulgado fotos e vídeos inéditos dos abusos cometidos na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá.

A divulgação ocorreu num momento bastante negativo para a imagem do Ocidente na região. Os ânimos, acirrados por causa das polêmicas charges do profeta Maomé, estão ainda mais agitados com as novas imagens de soldados britânicos espancando jovens iraquianos, gravadas há dois anos.

- É terrível, porque sempre vi os britânicos e os americanos como os melhores do mundo - disse o bombeiro Khalil al-Amir, do Kuwait - Eles supostamente são os mais civilizados. Mas quando vejo essas coisas, penso duas vezes.

As evidências de abuso na prisão de Abu Ghraib provocaram indignação internacional quando surgiram, em 2004. A emissora australiana disse que as imagens recém-divulgadas são da mesma época do escândalo original.

As fotos e os vídeos mostram prisioneiros amarrados a camas e portas, alguns sangrando ou encapuzados, às vezes com um guarda sorridente ao seu lado.

"Abu Ghraib II: Pior que nunca", disse o tablóide "7Days", de Dubai. "Sabemos que as imagens vão causar muita irritação neste momento. Mas acreditamos que elas têm de ser publicadas", afirma o jornal.

Vários analistas árabes disseram que as imagens prejudicam a campanha americana em prol da democracia e dos direitos humanos na região. O governo Bush diz que um dos motivos para a invasão do Iraque foi livrar o povo iraquiano do domínio violento de Saddam Hussein.

- Os americanos foram lá para ajudar os iraquianos, dizem eles, mas não parece ser esse o caso, com essas imagens - disse Jaber al-Harami, do jornal "Al Sharq", do Catar - Se esta é a democracia dos EUA, o mundo árabe não a quer.

O advogado sírio especializado na defesa dos direitos humanos Anwar al-Bunni afirmou que as novas fotos abalaram ainda mais a credibilidade de Washington em seu país, que tem sido alvo de forte pressão por parte dos EUA.

- As fotos fazem os apelos americanos soarem vazios - disse ele - Isso vai fazer todos lembrarem que o que os americanos estão fazendo no Iraque não é muito diferente do que que Saddam Hussein costumava fazer - afirmou Abdul Bari Atwan, editor do jornal diário "Al Quds", com sede em Londres.

Para Mohamed al-Sayed Said, do Centro Al Ahram para Estudos Políticos e Estratágicos, do Egito, as imagens dão ainda mais munição aos muçulmanos contra o Ocidente. O advogado saudita Mohsen Awajy concordou:

- Essas fotos podem provocar atos terroristas, e ninguém vai reclamar se isso acontecer. Todo muçulmano ou árabe tem motivos para se vingar, e seus atos serão justificados. É nojento, os animais são mais civilizados que isso.

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