A população dos Estados Unidos está mais diversificada e cresceu em um ritmo mais lento entre 2010 e 2020, mostram os dados do mais recente censo decenal do país, divulgados nesta semana. O documento oferece um retrato detalhado de como os EUA mudaram na última década e será um instrumento para redesenhar os mapas políticos do país.
Os números podem até mesmo determinar quem ficará com o controle da Câmara dos Representantes nas próximas eleições, em 2022, já que os resultados do censo são usados para distribuir os 435 assentos da Câmara entre os 50 estados americanos. Os assentos são realocados a cada dez anos, após a contagem da população. Os votos do Colégio Eleitoral que seleciona o presidente americano a cada quatro anos também são divididos entre os estados com base em sua população.
O censo indica que, nos Estados Unidos, nenhum grupo étnico ou racial é hoje dominante nas idades menores de 18 anos e o número da população branca diminuiu pela primeira vez, o que demonstra um país que se torna mais diverso e multirracial. Veja quais foram as principais mudanças demográficas da última década nos EUA:
Crescimento em ritmo mais lento
No total, a população dos Estados Unidos cresceu 7,4% na última década, alcançando 331.449.281 milhões de habitantes no chamado "Dia do Censo", em 1º de abril de 2020. A taxa de crescimento foi a menor registrada desde a década de 1930, quando o país passava pela Grande Depressão.
O crescimento mais lento dos EUA pode ser visto mais facilmente em dados locais. "Essa diminuição é evidente no nível local, onde cerca de 52% dos condados nos Estados Unidos registraram uma diminuição na sua população durante o censo de 2020 em comparação à sua população em 2010", afirma Marc Perry, demógrafo sênior da Agência do Censo.
População branca diminuiu
A população branca continua a ser o maior grupo étnico ou racial nos Estados Unidos, apesar de ter reduzido 8,6% desde 2010. Em todo o país, 204,3 milhões de pessoas (61,6% da população) se declararam apenas brancos. Já o número de habitantes que se identificaram como brancos em combinação a outro grupo foi de 235,4 milhões.
A população de duas ou mais raças (também chamada de população multirracial) mudou consideravelmente desde 2010. O número de pessoas que se identificaram como pertencendo a duas ou mais raças mais do que triplicou, passando de 9 milhões em 2010 para 33,8 milhões em 2020.
Os demógrafos ressaltam que as comparações sobre raça entre os censos de 2010 e 2020 devem ser feitas com atenção, levando em consideração mudanças feitas nas perguntas sobre origem hispânica e racial e as maneiras como foram codificadas as respostas obtidas no levantamento mais recente.
Na imprensa americana, especialistas apontam como motivos para a diminuição do grupo de "apenas brancos" o envelhecimento da população branca, mudanças na maneira como as pessoas se identificam, taxas de natalidade maiores entre algumas minorias, imigração, entre outros.
Menos crianças, mais adultos
A proporção de crianças na população americana caiu, devido à menor taxa de natalidade, enquanto a parcela de adultos aumentou. Em 2020, adultos com mais de 18 anos formam três quartos da população (258,3 milhões), o que representa um aumento de 10% em relação a 2010.
Ao mesmo tempo, a população com menos de 18 anos diminuiu de 74,2 milhões para 73,1 milhões na última década.
"Mais de três quartos (77,9%) da população dos EUA tem 18 anos ou mais", afirma Andrew Roberts, chefe do Escritório de Estatísticas sobre Sexo e Idade da Divisão Populacional da Agência do Censo. "A população de adultos cresceu mais rapidamente do que o país como um todo. Em comparação, a população de habitantes com menos de 18 anos foi de 73,1 milhões em 2020, o que representa uma diminuição de 1,4% do que foi apurado no Censo de 2010."
O declínio de população jovem em um país que envelhece rapidamente representa um desafio demográfico para o futuro, afirma William Frey, pesquisador do Metropolitan Policy Program do Instituto Brookings. "À medida que a grande população de baby boomers avança além da idade de sua força de trabalho primária, tanto os jovens quanto a população em idade de força de trabalho crescerão modestamente, na melhor das hipóteses", avalia.
Mais asiáticos e hispânicos
Na última década, a população asiática aumentou cerca de um terço, totalizando 24 milhões de pessoas em 2020, e a população hispânica ou latina, que inclui pessoas de qualquer raça, cresceu cerca de um quarto nos EUA, chegando a 62,1 milhões de pessoas.
No mesmo período, a população de origem não hispânica ou latina cresceu 4,3% desde 2010.
Os hispânicos puxaram o crescimento populacional, no contexto de crescimento nacional lento. Pouco mais da metade do crescimento total da população americana foi resultado do aumento da população hispânica.
"Hispânicos, asiáticos, pessoas com duas ou mais raças, esses são os únicos grupos em que os menores de idade estão crescendo", destacou William Frey. "Muitos dessas minorias são importantes para o nosso crescimento futuro, não apenas para a população de crianças, mas para o futuro de nossa força de trabalho".
Áreas metropolitanas aumentaram
Houve mudanças também na distribuição da população nos Estados Unidos como um todo na última década. A população nas áreas metropolitanas cresceu 9% entre 2010 e 2020, o que significa que 86% da população estava vivendo nas áreas metropolitanas dos EUA em 2020, em comparação aos 85% apurados em 2010.
Das 384 áreas metropolitanas dos EUA, 312 ganharam mais moradores na comparação entre 2010 e 2020. Ao mesmo tempo, 72 áreas metropolitanas perderam moradores.
A maior cidade do país continua sendo Nova York, com 8,8 milhões de pessoas. Já a área metropolitana dos EUA que cresceu mais rapidamente entre 2010 e 2020 foi The Villages, no estado da Flórida, que teve um aumento de 39%, de 93 mil para 130 mil pessoas.
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