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Mural com o rosto de Obama e trechos de seu famoso discurso sobre raça, num prédio em Nova Iorque. | Lucas Jackson/Reuters
Mural com o rosto de Obama e trechos de seu famoso discurso sobre raça, num prédio em Nova Iorque.| Foto: Lucas Jackson/Reuters

Brasil discute legislação

No Brasil, o Estatuto de Igualdade Racial, um amplo projeto de demandas do movimento negro, está há mais de três tramitando na Câmara Federal, após já ter sido aprovado no Senado. Entre outras medidas, o estatuto prevê a reserva de 20% das vagas para negros em concursos públicos, universidades e filmes e programas televisivos.

Os pró-estatuto vêem esse tipo de política pública como uma reparação por séculos de desigualdades que atingem os negros no Brasil. Acreditam que a medida ajudará a aumentar a representação de negros em posição de destaque na sociedade. Do outro lado, os que são contra esse tipo de ação afirmativa, baseado na raça, acreditam que a política só reforça o racismo no país, forçando as pessoas a se identificarem como brancos ou negros, ignorando o histórico de miscigenações – algo que não ocorreu nos EUA, por exemplo.

No Brasil, ao todo 42 universidades já adotaram independentemente a política de cotas raciais. Atualmente, o Supremo Tribunal Federal também julga ações diretas de inconstitucionalidade sobre o tema. (BB)

Se um negro pode ser o homem mais poderoso do mundo, o que um negro não pode ser? É a pergunta que muitos americanos se fazem agora e que, com a eleição de Barack Obama, coloca a discussão sobre as cotas raciais numa nova fase nos Estados Unidos – país pioneiro nesse tipo de política pública.

No mesmo dia em que escolheram o novo presidente, três estados americanos votaram para decidir o futuro das ações afirmativas. Nebraska e Arizona escolharam pôr fim a esse tipo de medida, seguindo os passos de Califórnia, Michigan e Washington, estados que em anos anteriores haviam decidido acabar com os privilégios de raça para concursos públicos e vagas nas universidades.

O outro estado, Colorado, porém, optou por não banir as políticas afirmativas, provando que, apesar da perda de popularidade, esse tipo de medida ainda tem respaldo nos EUA. Um dos fatores para sua resistência, acreditam analistas, é que a situação sócioeconômica da comunidade negra de forma geral continua bem abaixo da dos brancos. De acordo com o censo americano, a renda de uma família negra é, na média, 38% inferior à das famílias brancas.

O próprio Obama parece defender – suas afirmações são ambíguas sobre o assunto – uma política que beneficie os menos privilegiados economicamente, independentemente da cor. Em seu já histórico discurso sobre a questão racial, feito em março, ainda durante as primárias democratas, Obama foi claro: "para a comunidade negra, esse caminho (de uma união mais perfeita) significa aceitar os fardos do passado sem que nos tornemos vítimas dele."

Depois, num dos debates com McCain, ele foi vago. Disse que gostaria que a qualidade da educação básica aumentasse para proporcionar a todos a chance de chegar à universidade, mas não afirmou que defende o fim das cotas.

Para a escritora afro-americana, negra, Jonetta Rose Barras, a real contribuição de Obama é permitir aos negros que se vejam como vitoriosos. "Isso é mais valioso do que qualquer dos itens da lista pré-fabricada de demandas da comunidade negra".

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