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Mulher recupera ursinho de pelúcia em meio aos escombros do que restou do super tufão Haiyan em Tanauan, nas Filipinas | REUTERS/Erik De Castro
Mulher recupera ursinho de pelúcia em meio aos escombros do que restou do super tufão Haiyan em Tanauan, nas Filipinas| Foto: REUTERS/Erik De Castro

O saldo de mortos de um dos mais poderosos tufões do mundo aumentou nesta sexta-feira, mas a distribuição de ajuda está sendo tão irregular que corpos ainda não foram recolhidos e milhares de pessoas tentam desesperadamente sair das regiões afetadas na parte central das Filipinas.

Depois de vários dias, centenas de equipes internacionais de ajuda armaram hospitais de campanha e distribuíam suprimentos, enquanto helicópteros de um porta-aviões dos Estados Unidos levavam remédios e água a regiões remotas arrasadas pelo tufão de uma semana atrás.

"Há uma mudança na velocidade da resposta. Posso ver que a ajuda internacional está chegando aqui", disse o capitão Victoriano Sambale, um médico militar filipino que desde sábado vem tratando pacientes em uma sala cheia de sujeira e detritos.

"No primeiro dia nós tratamos de mais de 600 pacientes. No segundo, tivemos mais de 700. No terceiro, perdemos a conta", afirmou.

O presidente Benigno Aquino, pego de surpresa pela escala do desastre, tem sido criticado pela lentidão na distribuição da ajuda e falta de precisão nas estimativas de vítimas, especialmente em Tacloban, capital da província de Leyte, a mais afetada.

Um quadro de avisos na sede da prefeitura de Tacloban estimava os mortos em 4 mil na quarta-feira, um salto em relação aos 2 mil registrados um dia antes, somente nessa cidade. Horas antes, o prefeito de Tacloban, Alfred Romualdez, tinha pedido desculpas e dito que a cifra se referia a toda a região central das Filipinas.

A cifra, marcada em um quadro branco, é compilada por funcionários que começaram a enterrar os cadáveres em valas comuns na quinta-feira.

Romualdez disse que algumas pessoas podem ter sido levadas pelo mar e seus corpos podem ter se perdido depois que uma parede de água, semelhante a um tsunami, devastou as áreas costeiras. Um bairro com população de 10 mil a 12 mil pessoas está agora deserto, disse ele.

A cifra da prefeitura foi o primeiro reconhecimento público de que o número de mortos provavelmente vai exceder uma estimativa dada esta semana por Aquino, que disse que as mortes ficariam entre 2 mil e 2,5 mil.

Autoridades confirmaram que desde a quinta-feira o número oficial de mortos em todo o país subiu para mais de 1,2 mil, passando a 3.621 nesta sexta-feira. A confusão aumentou quando a ONU, citando dados do governo, assinalou que a última cifra de mortos era de 4.460, mas uma porta-voz disse que a entidade está agora revisando esse número.

"Espero que não aumente mais. Espero que esse seja o número final", disse o diretor do Conselho Nacional de Administração e Redução de Riscos em Desastres, Eduardo del Rosario. "Se aumentar, provavelmente será muito pouco."

Na terça-feira, Aquino afirmou que a estimativa de 10 mil mortos, feita por autoridades locais, era exagerada e havia causado "trauma emocional". Elmer Sofia, um chefe regional de polícia que deu a estimativa, foi removido na quinta-feira de seu posto.

O porta-voz da Polícia Nacional, Reuben Sindac, disse que Soria havia tido uma "reação aguda de estresse" e tinha sido transferido para Manila. Mas um policial do alto escalão disse à Reuters acreditar que Soria foi enviado para outra área por causa da estimativa não autorizada de vítimas

FALTAM SACOS PARA CORPOS

Os enormes problemas de logística persistem. Sobreviventes feridos esperavam por tratamento em longas filas sob sol escaldante. Autoridades locais disseram que estão em falta sacos para corpos, gasolina e funcionários para a coleta de corpos.

"Há ainda corpos espalhados pelas ruas. Mas agora pelo menos estão em setores onde o departamento de saúde tem sacos para a coleta", disse o chefe de uma equipe de ajuda australiana, Ian Norton, em declarações à Reuters.

Sobreviventes em Tacloban disseram que a cifra de mortos pode ser de milhares. "Há um monte de pessoas mortas nas ruas de nosso bairro, em meio ao lixo", disse Aiza Umpacan, de 27 anos, moradora de San José, um dos bairros mais afetados.

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