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Considere a declaração que a American Airlines fez recentemente quando, como parte de seu rebranding, revelou os protótipos dos uniformes de seus comissários de bordo e outros empregados.

A cor é cinza escuro — em abundância. Vestidos cinza.

Saias cinza. Paletós cinza. Calças cinza. Suéteres cinza. Para enfatizar a tonalidade, a companhia aérea escolheu um tom de prata — primo chique do cinza.Esse protótipo dos uniformes, uma mudança não muito ousada do padrão azul marinho, é um reflexo de uma indústria que hoje é definida pelo desconforto, muitas taxas extras e pouca concorrência.

Não há nenhuma necessidade de se destacar — por isso a American e as outras companhias aéreas americanas nem tentam."O corte certamente é bonito, mas cinza não é a melhor escolha de cor", disse Heather Cocks, redatora de moda. "Não dá identidade ou personalidade à companhia aérea. Os comissários vão ficar no mesmo tom das paredes."

Nem sempre foi assim. Uma geração atrás, a minissaia e as botas até o joelho das comissárias de bordo eram a personificação dos dinâmicos anos 60 e dos irreverentes anos 70, e por décadas os uniformes foram criados por designers como Emilio Pucci, Oleg Cassini e Halston.

Agora, há um tom utilitário — escuro, durável e um pouco tristonho — nos trajes usados pelos comissários na maioria dos voos domésticos. Involuntariamente ou não, de acordo com analistas e observadores de moda, isso mostra como as viagens aéreas não são mais uma experiência, mas algo que deve ser suportado para se ir do ponto A ao ponto B.

"Talvez a estratégia seja neutra, porém sofisticada, mas para muitos parece meio chata", disse Karen Hofmann, presidente do departamento de Design de Produto do Art Center College of Design em Pasadena, na Califórnia. Ela acrescentou que as companhias aéreas poderiam aprender com a indústria automotiva, que está lentamente se afastando dos onipresentes interiores beges e cinzas.

"Há uma grande oportunidade de ver o uniforme como algo que possa dar aos passageiros a percepção de uma experiência diferenciada, mas agora a qualidade está bem baixa", disse ela. "Uniformes são expressões, mas eles parecem se basear mais no custo."

A história do transporte aéreo nos Estados Unidos está repleta de empresas e estilos que desapareceram. No início da década de 60, a Braniff contratou o designer italiano Pucci, que transformou os corredores do avião em passarelas de moda. Quem prefere não ousar tanto quanto as blusas inspiradas em Van Gogh da Eastern Airlines ou o look laranja e branco da Southwest normalmente adiciona um toque com chapéus, faixas ou lenços.

"Historicamente, voar era a princípio algo glamouroso", disse Valerie Steele, diretora do museu do Fashion Institute of Technology, em Nova York. "O jet set era a elite e, muitas vezes, os comissários eram atraentes e elegantes."

Agora, essas qualidades são quase que exclusivas dos voos internacionais, onde as companhias aéreas estrangeiras tendem a incorporar estilos de design também nativos para a tripulação. As echarpes da Air France, uma referência ao feminino estilo francês, e a Singapore Airlines com sua kebaya, o tradicional vestido indonésio, são dois exemplos, disse Steele. "Dá a sensação de uma viagem internacional", ela disse.

Mark Krolick, diretor de Marketing e Desenvolvimento de Produtos da United, disse que o novo uniforme azul marinho, preto e cinza adotado após a fusão com a Continental procurou criar uma aparência consistente, para "transmitir o profissionalismo e a acessibilidade do nosso pessoal e da nossa marca como um todo".

Um porta-voz da American Airlines preferiu não fazer comentários porque a companhia ainda considera o feedback dos colaboradores sobre os protótipos. Mas a newsletter do site da companhia exalta as virtudes do esquema de cores.

"O uniforme cinza permite misturar e combinar com facilidade, mantendo uma aparência elegante e coesa." "As diferentes cores de apoio — branco para os tripulantes, cinza claro para a equipe de atendimento no aeroporto e azul claro para serviços premium — diferenciam as equipes."

A Delta está na fase inicial do design dos novos uniformes pela primeira vez desde 2006, mas pretende manter um elemento de longa data que é característico da sua coleção: o vestido vermelho. A aparência dos uniformes é importante, disse Mike Henny, diretor de Experiência do Cliente da Delta. Mas eles também precisam ser funcionais.

"Comissários de bordo viajam dia sim, dia não", disse Henny, explicando por que tantos uniformes são azul marinho, cinza ou preto. "As cores escuras aguentam melhor do que as cores claras. Não dá para usar um terno branco."

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