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 | Jaelson Lucas
| Foto: Jaelson Lucas

Durante a Semana da Consciência Negra, o embaixador do Haiti no Brasil, Madsen Chérubin, esteve em Curitiba se encontrando com autoridades e participando de eventos com a comunidade haitiana radicada na capital paranaense. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele afirmou estar trabalhando para superar as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, elogiou a atuação das autoridades brasileiras nos casos de discriminação, e chamou o Brasil de "parceiro estratégico" no desenvolvimento do Haiti.

O que o senhor pode nos contar da situação dos haitianos aqui no Brasil?

Eu estive aqui como diplomata há 12 anos. Na época tinha mais ou menos 30 haitianos por aqui. A maioria deles era de religiosos, padres que estavam trabalhando no Acre, no Rio, em Minas, em todas as zonas. Mas agora, depois do terremoto, temos mais ou menos 45, 50 mil haitianos no Brasil. A gente agradece ao governo brasileiro pela solidariedade que estão manifestando com a migração haitiana. São pessoas que estão aqui apenas para procurar melhorar sua vida, jovens que estão procurando estudar, fazer ensino superior. Pessoas que têm família no Haiti, que estão procurando um emprego para poder ajuda-los. Nós temos ouvido pequenos problemas, mas acreditamos que o Brasil é um estado de direito e todos estes problemas estão se resolvendo. De fato, as instituições estão atuando para resolver esses problemas.

Qual é o suporte que o governo haitiano oferece para as pessoas que estão aqui?

Estamos aqui para acompanhar a migração. Por meio da embaixada prestamos serviços como documentação, para facilitar a legalização deles (imigrantes haitianos). Estamos trabalhando com instituições humanitárias e públicas, com a pastoral do imigrante e com ONGs para acompanhar eles.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos haitianos aqui no Brasil?

A dificuldade maior é a língua. O português não é uma língua tão comum. E também acho que viver fora de seu país é sempre difícil. Às vezes alguém que já tem qualificação não vai encontrar trabalho na sua especialidade sem a homologação [de diploma]. E quanto a abusos, acho que são coisas marginais. A Secretaria de Direitos Humanos e o Ministério do Trabalho estão trabalhando com isso, estão combatendo essas coisas, e nós estamos tranquilos quanto à resolução desses problemas.

Como estão caminhando essas demandas de homologação de diplomas?

A gente conversou bastante com o governador, com o reitor (da UFPR), e com o secretário de educação. Estamos avançando. É um processo que é um pouco lento, mas acreditamos que com o tempo a gente vai resolver esses problemas.

O que está sendo feito a respeito dos atos de violência contra haitianos aqui no Paraná?

Já estamos falando com a prefeitura, e eles têm instituições que estavam combatendo, mesmo antes da chegada dos haitianos, estes problemas. Estamos, até agora, satisfeitos com a gestão que estas instituições estão fazendo.

Como está a reconstrução do Haiti após o terremoto de 2010?

Estamos trabalhando bastante. Por exemplo, 90% das pessoas que estavam nas tendas já estão saindo. Mas o processo da reconstrução é longo, vai durar uma geração. E isso é ainda mais difícil para um país com poucos recursos. Por isso precisamos da ajuda da comunidade internacional. Mas entendemos que este trabalho de reconstrução é primeiro um trabalho dos haitianos, mesmo com o apoio de fora. O governo haitiano acredita que para resolver o problema do Haiti precisamos não somente de assistência. Precisamos de investimentos em setores importantes para gerar empregos, para que os haitianos possam ficar no país deles.

E como são as relações diplomáticas com o Brasil?

São excelentes. A gente tem uma cooperação bilateral importante com o Brasil, que tem avançado bastante nestes últimos anos. Em 2004, a chegada do Brasil chefiando a parte militar da missão da ONU no Haiti foi um momento que marcou o desenvolvimento dessas relações. Temos muitos programas importantes de cooperação. E essa relação tem margem para progredir. Estamos muito otimistas pelo futuro das relações com o Brasil, que o governo haitiano considera como parceiro estratégico no caminho do desenvolvimento.

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