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O Brasil, que nesta semana passou da 11.ª para a 10.ª economia mundial, não reflete essa "grandeza" em seu crescimento anual do PIB e muito menos em seus indicadores sociais. O maior país da América Latina fica longe de servir como exemplo para receitas de desenvolvimento que consigam equilibrar estabilidade, crescimento econômico e distribuição de renda.

Curitiba – Insuficiente e distante da previsão do Produto Interno Bruto (PIB) ideal. Assim é considerado por muitos o crescimento do PIB do Brasil em 2006 – que em previsão preliminar da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) alcançou apenas a casa dos 2,8%. Na América Latina, o país só conseguiu superar o crescimento da raquítica economia do Haiti, de 2,5%, e ainda ficou abaixo da média mundial de 5,1%.

Além de não ocupar as posições mais altas no ranking de crescimento do PIB na América Latina, o Brasil também não figura na lista daqueles que têm os melhores indicadores sociais (veja quadro). Cuba, por exemplo, é um país que não tem a economia tão desenvolvida, mas que obteve o mais alto crescimento econômico dentre os latinos (12,5%), e ainda mantém por anos a fio os melhores índices em saúde, educação, baixo nível de pobreza e IDH (índice de desenvolvimento humano).

Mas qual é o segredo da tentativa de conjugar bons índices econômicos e sociais? Uma das respostas que os economistas têm na ponta da língua é distribuição de renda eqüitativa.

"Não adianta o país ter uma economia industrializada, setor agrícola desenvolvido e políticas de estabilidade se ainda possui um alto nível de concentração de renda, como é o caso brasileiro", diz o economista pela London School of Economics e professor da PUCPR, Masimo Della Justina. "Neste cenário, mesmo que a economia cresça, os indicadores sociais continuarão ruins", acrescenta.

Para o doutor em Integração Econômica pela USP e professor do Centro Universitário Positivo, Hugo Eduardo Meza Pinto, as disparidades regionais é um dos fatores que atravancam o país. "Temos um Brasil pobre e outro rico. O desafio brasileiro é focalizar em políticas por regiões para pelo menos tentar uniformizar os indicadores sociais", diz o professor. No caso de países latino-americanos em que a pobreza é uniforme, há grandes chances de os indicadores sociais não se apresentarem tão díspares em relação ao "tamanho" de sua economia.

Problemas antigos

Na avaliação desses dois especialistas, o desempenho nem tão satisfatório do PIB do Brasil é reflexo das políticas econômicas do governo federal, que estão equivocadas.

"A política brasileira se concentra apenas nos aspectos fiscais e monetários para manter a inflação estabilizada, mas a estratégia macroeconômica é insuficiente. Ou seja, precisamos associar estabilidade e crescimento para chegar ao PIB ideal de 7%", argumenta Justina.

Para Meza Pinto, o que leva o país a não crescer mais é o alto nível de taxa de juros (que inibe o investimento produtivo e estimula o investimento especulativo), a desoneração tributária (38% do PIB brasileiro são tributos) e, por fim, o custo Brasil (precariedade ou falta de infra-estrutura, por exemplo: transportes).

Uma receita que poderia ser seguida pelo Brasil para incrementar o crescimento do PIB seria a intensificação do comércio internacional, a exemplo do vizinho chileno, indica o especialista. "O Chile foi o primeiro país a sair do processo de integração regional ao perceber que a reunião de economias deficitárias não traria vantagens ao país. Ao mesmo tempo, foi o primeiro a fazer acordos bilaterais com os EUA", observa Meza Pinto.

Cautela

No entanto, os números preliminares divulgados pela Cepal precisam ser "lidos" com mais cuidado, dizem alguns especialistas, levando em conta na comparação as especificidades de cada economia do ranking latino. "Por exemplo, o crescimento do PIB da Venezuela, que rompeu a barreira dos 10% no ano passado, é reflexo da conjuntura favorável do mercado de petróleo", comenta Renato Baumann, diretor da Cepal no Brasil.

Ele reconhece, entretanto, que no caso brasileiro, a taxa de crescimento do PIB em 2006 foi considerada insuficiente. "O desejável seria um crescimento em torno de 4% a 6% para absorver a população economicamente ativa, aumentando o número de postos de trabalhos e reduzindo fronteiras tecnológicas."

Com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), deve-se observar uma taxa de crescimento superior em 2007 em relação ao ano passado, alcançando o patamar de 3,5% a 4%, prevê Baumann. "A dúvida é se essa estratégia pode ser sustentável no longo prazo."

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