Caracas - Osmel Sousa pode olhar para a mulher mais bonita do mundo e encontrar um defeito, mesmo que pequeno, no nariz dela. O extremo perfeccionismo o transformou no grande cérebro por trás do concurso Miss Universo, inclusive os dois últimos.
O segredo por trás de seu sucesso está no treinamento intensivo das misses sobre como caminhar, falar, sorrir, além de seu olhar perspicaz para indicar a correção de pequenas imperfeições por meio de cirurgia plástica.
Após fazer a Venezuela chegar ao topo do Miss Universo duas vezes consecutivas, o cubano criado na terra de Hugo Chávez espera eleger mais uma venezuelana, pela terceira vez seguida, na edição do concurso em 2010. "Parecerá acima do topo", filosofa Sousa.
Mas estar acima do topo no universo da beleza nos negócios é o que Sousa sabe fazer melhor. O chamado "czar da beleza" compara as participantes a pedras preciosas: ele pode dizer desde o começo quando uma delas brilha, e seu trabalho é lapidá-la.
Sousa pode parecer uma anomalia num país, cujo presidente Hugo Chávez, condena os valores consumistas e capitalistas. Mas concursos de beleza são um esporte nacional na Venezuela, com grandes gastos em cosméticos e roupas. Até mesmo Chávez foi felicitado por vencedoras de concursos no passado, e o Miss Venezuela é o evento mais visto da televisão no país.
Bastidores
Quando as candidatas estão no palco, Sousa está nos bastidores por sinal, é onde ele tem estado desde 1981, ano em que assumiu a presidência da organização do Miss Venezuela. Como ele mesmo diz, o rigoroso treinamento que ele demanda é o que tem dado às venezuelanas o posto de rainhas da beleza. Durante sessões diárias, que duram de 10 horas ou mais, ele e seu time de especialistas instruem as candidatas a falarem e se portarem em público, bem como maquiagem e outros detalhes - incluindo como se recuperar graciosamente depois de uma queda.
Nascido em Cuba, Sousa foi enviado pelos pais, aos 13 anos, para viver com parentes na Venezuela, que tem sido sua casa desde então. Ele fala pouco sobre as circunstâncias de sua partida. Apenas diz que está distante dos pais desde a infância.
Sousa conta que nunca se apaixonou, que gosta de morar sozinho e que tem por sua família as candidatas, os cabeleireiros, os maquiadores e outros especialistas por trás dos concursos de beleza.
Desde garoto, ele se lembra de desenhar bonecas com giz de cera e selecionar a criação mais bonita. Ele começou sua carreira como ilustrador, desenhando mulheres em anúncios. Em 1970, tornou-se conselheiro de beleza para candidatas, profissão nunca mais abandonou.
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