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Um modelo do KUB-UAV, novo sistema de combate aéreo fabricado pelo Grupo Kalashnikov, exposto na Exibição Internacional de Defesa em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos. Foto: Liz Sly, para The Washington Post
Um modelo do KUB-UAV, novo sistema de combate aéreo fabricado pelo Grupo Kalashnikov, exposto na Exibição Internacional de Defesa em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos. Foto: Liz Sly, para The Washington Post| Foto: The Washington Post

A empresa russa que deu ao mundo o icônico fuzil de assalto AK-47 revelou um drone suicida que pode revolucionar a guerra ao tornar a sofisticada tecnologia de batalha dos drones mais acessível e barata.

O Grupo Kalashnikov exibiu, na semana passada, um modelo de seu drone explosivo em miniatura em uma grande exposição de equipamentos de defesa em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, onde as empresas de armas do mundo se reúnem a cada dois anos para mostrar e comercializar seus mais novos produtos.

O item minúsculo foi ofuscado pelos tanques, veículos blindados e caças que também estavam em exibição. Mas ele tem tanto potencial para mudar a face da guerra quanto seu primo mais velho, o AK-47, conhecido simplesmente como Kalashnikov.

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Com preço baixo, alta eficiência e facilidade de uso, o fuzil Kalashnikov tornou-se a arma de escolha para revolucionários e insurgentes em todo o mundo, fortalecendo cidadãos insatisfeitos contra seus governos na América Latina, África e Ásia. Ele continua sendo uma ferramenta poderosa até hoje: o Pentágono compra fuzis Kalashnikov de segunda mão para seus aliados na Síria e no Afeganistão, em vez de lhes dar armas americanas mais caras.

O drone Kalashnikov – oficialmente chamado de KUB-UAV – também será simples de operar, eficaz e barato, afirmam seus fabricantes – e tão revolucionário quanto. Ele será “um passo em direção a uma forma completamente nova de combate”, disse Sergey Chemezov, presidente da fabricante estatal russa de armas Rostec, proprietária de uma participação majoritária na Kalashnikov, segundo o comunicado da Kalashnikov sobre o lançamento.

O KUB tem 1,2 metro de largura, pode voar por 30 minutos a uma velocidade de 128 km/h e carrega quase três quilos de explosivos, segundo o comunicado de imprensa. Ou seja, ele tem mais ou menos o tamanho de uma mesinha de centro e pode ser guiado para explodir em um alvo a mais de 60 quilômetros de distância – o equivalente a um “míssil de cruzeiro pequeno, lento e presumivelmente barato”, segundo um relatório do site de assuntos internacionais National Interest.

Quem comprar um deles terá a capacidade de guiar uma bomba com um alto grau de precisão, sem comparação, exceto por algumas das bombas mais inteligentes dos militares dos EUA, disse Nicholas Grossman, professor de relações internacionais da Universidade de Illinois e autor do livro “Drones and Terrorism”.

“Eu vejo isso como a democratização de bombas inteligentes”, disse ele. “Isso é disseminar bombas inteligentes mais amplamente, o que reduziria a distância entre as forças armadas mais avançadas e as menores”.

Drones caseiros

Drones suicidas não são novos. O Estado Islâmico foi pioneiro na arte de anexar explosivos a drones disponíveis comercialmente e detoná-los no avanço de tropas e bases inimigas durante as batalhas pelas cidades de Mosul e Raqqa no Iraque e na Síria.

As tropas russas na Síria foram alvo do maior ataque de drones suicidas na Síria no ano passado, quando um enxame de mais de uma dúzia de dispositivos montados de forma grosseira, incorporando explosivos e sistemas de orientação GPS, desceu na base aérea russa de Hmeimim, na Síria.

Os exércitos americano e israelense incorporaram drones suicidas em seus arsenais – mas controles sobre a exportação da tecnologia fazem com que os dispositivos não sejam compartilhados fora de um pequeno círculo de aliados próximos.

O drone KUB será mais rápido e preciso, entregará o dobro de carga explosiva e terá um alcance maior do que qualquer um dos dispositivos caseiros remendados por terroristas, de acordo com representantes da Kalashnikov na exposição.

E, ao contrário dos drones norte-americanos e israelenses, o KUB será “muito barato”, disse um dos representantes da Kalashnikov. Ele se recusou a citar o preço e falou sob condição de anonimato porque não estava autorizado a se comunicar com a mídia.

O mercado-alvo serão “exércitos menores” em todo o mundo, disse ele, o que significa que a disponibilidade do KUB vai contornar os controles impostos pelos Estados Unidos e seus aliados que são projetados para manter drones armados longe das mãos de seus inimigos.

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O potencial uso bombas de drone por terroristas para realizar ataques é uma das maiores preocupações em torno da proliferação da tecnologia, dizem especialistas. Dois drones como esse foram usados ​​em uma suposta tentativa de assassinar o ditador venezuelano Nicolás Maduro em agosto. Recentes fechamentos de aeroportos em Londres, Dublin, Nova York e Dubai devido a incursões de drones misteriosos demonstram a falta de preparo dos governos ocidentais em lidar com as ameaças dos drones, disse Grossman.

Terroristas são mais propensos a continuar improvisando suas próprias maneiras de montar drones explosivos usando dispositivos comerciais baratos e seus próprios conhecimentos sobre bombas, ao invés de gastar em uma versão pronta, disse Nick Waters, ex-oficial do exército britânico e especialista em drones.

A disseminação de drones kamikaze também intensificará os esforços para combatê-los, apontou Grossman. “Isso definitivamente vai melhorar as capacidades de vários atores estatais e não-estatais, mas não é algo que não pode ser combatido”, disse ele.

No entanto, ele acrescentou: “Estou muito apreensivos com as potencialidades que estão sendo liberadas sem saber para onde isso vai levar”.

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