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Presidente dos EUA, Donald Trump| Foto: MANDEL NGAN/AFP

A transição presidencial já começou nos Estados Unidos. O democrata Joe Biden disse nesta terça-feira que os funcionários do governo republicano estão cooperando e trabalhando para que democrata tenha acesso a briefings presidenciais diários. O presidente Donald Trump apoiou publicamente o início do processo de transição, dizendo que recomendou aos seus funcionários que "façam o que for necessário em relação aos protocolos iniciais". Apesar disso, o republicano se recusa a reconhecer a vitória de Joe Biden.

O que a Administração de Serviços Gerais (GSA, na sigla em inglês) do governo americano, fez, ao autorizar o início da transição presidencial nesta segunda-feira (23), foi reconhecer Joe Biden como “aparente vencedor” da eleição presidencial.

Oficialmente, a eleição para presidente nos Estados Unidos só termina com a votação do colégio eleitoral e, até lá, Trump continuará insistindo, por vias legais, em contestar resultados. É um direito dele, embora seu comportamento nas redes sociais, com acusações de fraudes em larga escala que até agora não foram comprovadas na justiça, esteja semeando dúvidas sobre o processo eleitoral americano e manchando a imagem do país no exterior.

A decisão da GSA

A diretora da agência, Emily Murphy, disse que autorizou a transição devido aos “recentes acontecimentos envolvendo contestações legais e certificação de resultados eleitorais”, referindo-se às derrotas da campanha de Trump na justiça até agora e à certificação do resultado das eleições no Michigan na Geórgia.

Em uma carta a Biden, enviada no mesmo dia, Murphy disse que sua decisão foi tomada de forma independente e que não foi orientada por Trump. Também salientou que não foi pressionada pela Casa Branca a atrasar essa decisão e que até recebeu ameaças pela internet, telefone e correio “em um esforço para me coagir a fazer essa determinação prematuramente”.

Ao explicar por que reconheceu o resultado da eleição apenas vinte dias após o pleito, ela disse que não quis se colocar à frente do processo constitucional de contagem de votos. “A GSA não dita o resultado de disputas legais e recontagens, nem determina se esses procedimentos são razoáveis ou justificáveis”, escreveu, observando que a agência também não certifica um vencedor da eleição presidencial, que seu papel é tornar disponíveis serviços e recursos para a transição presidencial.

A declaração de Trump na segunda-feira, na qual ele sinalizou apoio ao início do processo, foi interpretada por muitos como um sinal de concessão de derrota na eleição presidencial. Mas o republicano fez questão de frisar em suas redes sociais que este não é o caso.

“Estamos avançando a toda velocidade [com os processos na justiça]. Nunca concederei aos votos falsos e à ‘Dominion’”, escreveu o presidente no Twitter, referindo-se à empresa que fabrica urnas eletrônicas e máquinas de contagem de votos e que é acusada pelo presidente – informalmente – de ter creditado a Biden votos que eram dele.

O time de advogados de Trump afirma que vai explorar as opções legais que ainda restam, apesar de que, com as certificações dos resultados nos estados decisivos desta eleição – Michigan, Pensilvânia e Geórgia – o caminho que eles podem trilhar está cada vez mais estreito.

Dificilmente o presidente vai reconhecer que perdeu para Joe Biden antes do fim do prazo para contestações jurídicas, em 8 de dezembro. Talvez ele só faça isso após a votação no colégio eleitoral, que ocorre em meados do mês que vem. Esse posicionamento faz parte de sua estratégia política.

Segurança

É preciso considerar também que há questões de segurança nacional dos Estados Unidos envolvidas neste processo. Trump foi alertado, inclusive por meio de uma carta assinada por 100 ex-funcionários de segurança nacional do Partido Republicano, que o atraso na transição presidencial poderia colocar a nação em risco.

“A demora em permitir que as equipes de transição se reúnam e consultem os funcionários da Força-Tarefa Coronavírus e do Conselho de Segurança Nacional, dos Departamentos de Estado, Defesa e Segurança Interna e de outros departamentos e agências essenciais para a segurança nacional dos EUA significa que o próximo governo Biden estará menos preparado para defender a segurança da América quando assumir o poder em 59 dias", afirmaram os signatários.

Na carta, os especialistas lembraram que a Comissão do 11 de Setembro concluiu que a demora na transição presidencial em 2000, do democrata Bill Clinton para o republicano George W. Bush, foi um fator que contribuiu para a falta de preparação para os ataques terroristas que ocorreram no ano seguinte.

Isso porque o atraso dificultou a nomeação da equipe de segurança nacional do novo presidente. Na época, a comissão concluiu que minimizar os impactos da transição presidencial sobre a política de segurança nacional deveria ser uma prioridade.

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