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O diretor-geral da OMs, Tedros Ghebreyesus.
O diretor-geral da OMs, Tedros Ghebreyesus, afirma ser necessário pensar nos mais pobres.| Foto: AFP

Pela primeira vez, na noite da segunda-feira (30), a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu ser necessário que países ponderem sobre as consequências para as populações mais pobres do lockdown – a medida mais radical de isolamento social diante da pandemia do novo coronavírus.

"Isso [isolamento] pode nos dar tempo. Mas cada país é diferente, alguns têm um sistema de auxílio social forte e outros, não. Se fecharmos ou restringirmos os deslocamentos, o que acontecerá com essas pessoas que têm que trabalhar todos os dias?", questionou o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus. "Eu venho de uma família pobre e sei o que significa ter que se preocupar com o pão diário."

O tom do discurso (assista aqui) foi diferente de declarações anteriores dadas pelo próprio Ghebreyesus. Dias atrás, ele havia dito que entende o dilema de proteger as economias e os sistemas de proteção social, mas que a prioridade deveria ser conter a doença.

No entanto, embora o anúncio mais recente tenha sido interpretado por muitos como recuo ou afrouxamento das medidas de isolamento que já vinham sendo defendidas pela OMS, o órgão segue afirmando que o distanciamento é essencial, e que "a última coisa que os países precisam é reabrir as escolas e os negócios apenas para ter que fechá-los outra vez devido ao ressurgimento de casos".

A OMS não citou o chamado isolamento vertical - modelo no qual as pessoas com mais risco de contrair a Covid-19 ficariam em casa e crianças e adultos saudáveis retornariam às suas atividades normalmente.

A Organização Mundial da Saúde apenas orientou os governos a ponderar sobre o lockdown, que seria a paralisação total dos deslocamentos, obrigando todos a ficar em casa. O Brasil, atualmente, não adota o lockdown, mas sim graus variados de isolamento social em diferentes regiões.

A OMS também defendeu que os governos, diante das circunstâncias específicas de cada região, devem garantir o "bem-estar" e necessidades essenciais para as populações mais pobres e trabalhadores informais à medida em que se agrava sua situação de vulnerabilidade no contexto de pandemia.

"Não estamos analisando apenas o impacto econômico do coronavírus em um país ou a perda de PIB. Temos que entender, sobretudo, o que isso significa para o indivíduo", disse o diretor-geral da OMS.

Suspensão de fluxos

Para conter a expansão do vírus, estados e municípios brasileiros estabeleceram medidas restritivas como a suspensão de atividades econômicas e sociais, inclusive sob pena de multa para quem a descumprir.

Não há, no entanto, diretriz do Ministério da Saúde para a adoção do chamado lockdown no país – muito menos por parte do governo federal. Em praticamente todos os estados e no Distrito Federal, a cadeia de abastecimento de alimentos e medicamentos, por exemplo, permanece em funcionamento.

No último dia 28 de março, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o isolamento completo poderia ser um "desastre" para o país como um todo, cabendo à cada cidade arbitrar sobre o tema.

Os governos de países como a Índia, Itália e Espanha, cujos números de afetados pela Covid-19 cresceram rapidamente, decidiram pelo lockdown.

O termo diz respeito à paralisação de qualquer deslocamento humano nas cidades para diminuir o contato humano e, consequentemente, a transmissão do vírus.

"Cada país, com sua particularidade, deve responder a essa questão. Isso [populações mais pobres] deve ser levado em conta, todo indivíduo importa, e a maneira como cada um é afetado pelas nossas ações tem de ser considerada", disse Ghebreyesus.

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