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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convocou o general Stanley McChrystal, o mais alto comandante norte-americano na guerra no Afeganistão, para uma reunião para que militar explique críticas ao governo feitas em comentários a uma revista norte-americana, o que gera as dúvidas sobre o futuro do general.

Ao comentar publicamente o assunto, no fim da tarde desta terça-feira (22), Obama disse considerar que McChrystal e seus assessores "não fizeram uma boa leitura" da situação e afirmou que primeiro quer conversar pessoalmente com o general antes de decidir seu futuro

Mais cedo, o secretário de Imprensa da Casa Branca, Robert Gibbs, adiantou que o presidente estava "ansioso" para falar com McChrystal sobre os comentários à revista Rolling Stone na qual zomba do vice-presidente Joe Biden e de outras autoridades do governo.

McChrystal acusa o embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão, Karl Eikenberry, de prejudicar seus esforços no país. Assessores do general disseram, sob condição de anonimato, que Obama parecia não saber quem McChrystal era quando o nomeou para coordenar a guerra no início do ano passado.

A revista irá para as bancas apenas na sexta-feira, mas uma versão do texto, um perfil do general, já se encontra no site da Rolling Stone na internet (leia a matéria em inglês)

McChrystal pediu desculpas publicamente pelos comentários. "Apresento minhas mais sinceras desculpas por este perfil. Foi um erro que demonstrou meu critério equivocado e não deveria haver ocorrido", diz um comunicado assinado pelo general antes de deixar Cabul com destino a Washington.

O texto da Rolling Stone que recebeu o título "The Runaway General" (O general em fuga). No perfil, McChrystal é mostrado como um lobo solitário, isolado de muitas figuras importantes do governo do presidente Barack Obama, e que não tem capacidade de convencer - inclusive alguns de seus próprios soldados - de que sua estratégia pode ganhar a guerra.

McChrystal telefonou para Biden para se desculpar, mas McChrystal e Obama ainda não conversaram, disse Gibbs, porta-voz da Casa Branca. Segundo ele, "todas as opções" estão sobre a mesa no que diz respeito ao futuro de McChrystal. Gibbs não disse, porém, se o general seria demitido. Ele acrescentou que os esforços do país no Afeganistão são "maiores do que qualquer pessoa".

McChrystal e Obama devem se reunir amanhã da Casa Branca juntamente com outras autoridades do governo que foram criticadas no artigo. Gibbs disse que Obama ficou "irritado" quando leu o texto na ala residencial da Casa Branca, ontem à noite.

O porta-voz de Obama qualificou as declarações como um "erro enorme", levando-se em consideração que McChrystal supervisiona milhares de tropas no Afeganistão.

Em Cabul, o presidente Hamid Karzai emitiu um comunicado no qual diz que McChrystal é "o melhor comandante" da guerra. O porta-voz de Karzai, Waheed Omar, disse esperar que o general possa permanecer no cargo.

O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse que McChrystal cometeu um "erro significativo". Gates pediu uma "unidade de propósito" entre civis e militares na campanha afegã, mas não disse se o general pode ser afastado.

O texto da Rolling Stone cita um grupo de colaboradores irreverentes de McChrystal que zombam do vice-presidente Joe Biden e de Richard Holbrooke, representante especial dos Estados Unidos para Afeganistão e Paquistão.

Um dos auxiliares de McChrystal diz que o general estava "decepcionado" após sua primeira reunião no Salão Oval com o presidente Obama, que não estava preparado para o encontro.

O perfil nota que, ainda que McChrystal tenha votado em Obama, ambos tiveram problemas para relacionar-se desde o início. Obama freou as falas muito imperativas de McChrystal sobre seu desejo de ter mais tropas no Afeganistão.

"Aquela época me parece dolorosa", afirmou McChrystal no texto, que será publicado na íntegra somente na sexta-feira. "Tratava de convencê-lo de uma postura impossível."

Obama aceitou enviar 30 mil soldados norte-americanos ao Afeganistão somente depois de meses de análises, que muitos no Exército consideraram excessivas. Além disso, a decisão veio acompanhada de outra, de retirar as forças até julho de 2011, o que os apoiadores de McChrystal consideram um prazo arbitrário.

O perfil foi escrito após várias semanas de viagens e entrevistas com o fechado círculo de colaboradores de McChrystal Também inclui uma lista de integrantes do governo que apoiam o general, entre os quais o secretário de Defesa, Robert Gates, e a secretária de Estado, Hillary Clinton. Já Biden está entre os que se opõem ao líder militar.

O sentimento de McChrystal de ter sido traído por Eikenberry vem a público após dúvidas do embaixador acerca da estratégia para o Afeganistão e da confiabilidade do presidente afegão, Hamid Karzai, nesse processo.

McChrystal atribuiu isso ao interesse pessoal de Eikenberry em proteger sua reputação. "É um dos que se protege para a posteridade", afirmou McChrystal à revista. "Se fracassarmos, eles podem dizer: 'Nós avisamos'."

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