• Carregando...
Presidente americano defendeu a liberdade de expressão na internet durante visita à China | AFP
Presidente americano defendeu a liberdade de expressão na internet durante visita à China| Foto: AFP

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta segunda-feira a liberdade de expressão na internet durante encontro com estudantes chineses em Xangai. Enquanto Obama fazia os comentários, a polícia chinesa detinha dezenas de ativistas em Pequim, um pouco antes do presidente americano chegar à capital chinesa, onde terá um jantar mais tarde nesta segunda-feira com o presidente chinês Hu Jintao.

"Eu sempre fui um defensor do uso aberto da internet. Sou um grande defensor da ausência de censura", disse Obama durante o evento em Xangai. "Creio que quanto mais a informação flui mais forte se torna uma sociedade", prosseguiu o líder americano no primeiro dia de sua visita à China.

O ativista Zhao Lianhai, que organizou um grupo na internet de apoio aos pais cujos filhos ficaram doentes após beber leite contaminado no ano passado, foi levado embora de casa pela polícia na noite da sexta-feira, disse sua esposa, Li Xuemei. Funcionários também confiscaram os computadores do ativista. Chen Jianfang, uma ativista de Xangai que viajou a Pequim com mais 200 pessoas, disse que o grupo esperava dar boas vindas a Obama e atrair a atenção do presidente americano para o problema dos direitos humanos no país. Mas várias pessoas do grupo foram detidas pela polícia quando foram entregar o seu pedido de petição a autoridades do governo.

Obama chegou a Pequim nesta segunda-feira e foi recebido no aeroporto internacional pelo vice-presidente Xi Jinping, que é amplamente visto como o principal candidato a suceder o presidente Hu Jintao na transição de poder esperada para 2012.

Obama deverá jantar com o presidente chinês e na terça-feira os dois deverão manter uma série de reuniões.

Segundo funcionários chineses e norte-americanos, o itinerário de Obama na China foi contestado rispidamente por ambas as partes. Os norte-americanos queriam que Obama tivesse a oportunidade de mostrar seu carisma e discursar mais sobre liberdades, mas os funcionários chineses descartaram tudo isso, de acordo com um insider da mídia chinesa.

"O mistério (na viagem à China) é a falta de contato com o público", disse David Shambaugh, professor de estudos sobre a China na Universidade George Washington, atualmente vivendo na China com bolsa acadêmica. "Ele é um político populista, mas não está tendo nenhuma interação com o povo chinês". Shambaugh deu as declarações ao Wall Street Journal Asia.

Caráter simbólico

A decisão do presidente dos EUA de referir-se ao poder na internet tem caráter simbólico. O uso livre da rede mundial de computadores foi considerado fundamental para que Obama, inicialmente considerado um azarão, construísse sua vitoriosa corrida à Casa Branca.

Além disso, o comentário teve como alvo o fato de as autoridades chinesas controlarem o uso de redes sociais e páginas de uso em massa na internet como o Twitter, o YouTube e o Facebook.

Acusado de colocar em segundo plano as preocupações com os direitos civis e humanos para não melindrar o governo chinês, Obama defendeu "direitos universais" de expressão política, liberdade religiosa e liberdade de informação para todos, em qualquer lugar.

"Esses direitos deveriam estar disponíveis a todos os povos, inclusive minorias étnicas e religiosas, seja nos Estados Unidos, na China ou em qualquer outra nação", disse Obama, ressalvando que nem mesmo em seu país isso funciona com perfeição.

Obama não fez nenhuma citação específica à questão do Tibete. Recentemente, ele se recusou a receber o dalai-lama, líder espiritual dos tibetanos, em Washington antes da visita à China.

No primeiro dia de sua visita à China como parte de um giro pela Ásia, Obama defendeu ainda que os dois países, rivais econômicos interdependentes, não precisam ser adversários.

O presidente americano também respondeu a perguntas dos estudantes presentes e de pessoas que assistiram ao evento pela internet. Os temas discutidos variaram dos "direitos universais" a Taiwan ao astro de basquetebol chinês Yao Ming, que joga nos EUA.

O Wall Street Journal observou, no entanto, que os comentários de Obama provavelmente alcançaram poucos chineses. Ao contrário do que ocorreu nas visitas de seus antecessores Bill Clinton e George W. Bush à China, a fala de Obama não foi transmitida ao vivo em rede nacional de televisão.

Uma emissora local de Xangai transmitiu o evento pela televisão e pela internet, mas uma transmissão em rede nacional prometida pela estatal de notícias Xinhua não se concretizou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]