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Presidentes Barack Obama e Dmitry Medvedev assinaram acordo nuclear entre Estados Unidos e Rússia | Reuters
Presidentes Barack Obama e Dmitry Medvedev assinaram acordo nuclear entre Estados Unidos e Rússia| Foto: Reuters

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Dmitry Medvedev, firmaram nesta quinta-feira um importante acordo, comprometendo-se a reduzir os estoques de armamentos de seus países. O documento fortalece a ação de Obama por um mundo sem armas nucleares.

O novo Tratado Estratégico de Redução de Armas (Start, na sigla em inglês) prevê que os ex-rivais da Guerra Fria tenham no máximo 1.550 ogivas nucleares. O número é cerca de 30% menor que o estabelecido em 2002. Também foram impostos limites aos mísseis balísticos intercontinentais, necessários para lançar as ogivas em caso de ataque.

Fechado após meses de duras negociações, o acordo foi finalizado pelos líderes em Praga. Após uma reunião privada, Obama e Medvedev sentaram-se lado a lado para firmar o documento, visto também como importante passo para o "relançamento" da muitas vezes abalada relação bilateral.

Obama qualificou o evento como "extraordinário" e um "importante marco" para as tentativas de restringir o uso de armas nucleares Ele qualificou o tratado como "um passo em uma jornada mais longa...esse tratado estabelecerá as condições para cortes maiores".

"Isso envia um sinal ao mundo de que os Estados Unidos e a Rússia estão preparados para mais uma vez tomar a liderança", disse Obama, logo depois de assinar o tratado no castelo presidencial tcheco. "Toda a comunidade mundial ganha (com a medida)", disse o presidente russo.

Obama disse ainda que as duas nações, que possuem mais de 95% das armas nucleares do mundo, devem mostrar "liderança global responsável".

Medvedev afirmou que o tratado permite "aumentar o nível de cooperação" entre EUA e Rússia. O líder russo reconheceu que a negociação "não foi simples".

Em Praga, exatamente 12 meses atrás, Obama fez um importante discurso se comprometendo com a meta de um mundo sem armas nucleares. Ele reafirmou o comentário de um ano atrás segundo o qual o desarmamento é "um objetivo de longo prazo, que não será alcançado enquanto eu estiver vivo".

O documento é firmado em um ano importante para as tentativas de se evitar a proliferação nuclear, quando a comunidade internacional pressiona a Coreia do Norte para se desarmar e o Irã para restringir seu programa nuclear.

Obama anunciou nesta semana uma nova postura dos EUA na questão nuclear, afirmando que Washington não atacará com armas atômicas um país sem armas nucleares. Ele citou, porém, Coreia do Norte e Irã como exceções. Na semana que vem, o líder dos EUA será anfitrião de um encontro para discutir a segurança nuclear em Washington.

O documento firmado pelos presidentes precisa ser ratificado pelos legisladores dos dois países. O texto deve substituir o Start de 1991, que expirou em dezembro passado.

As negociações para o atual tratado foram atrapalhadas por vários fatores, em especial pelo projeto dos EUA de instalar um sistema antimísseis no Leste Europeu. Moscou via essa iniciativa como uma ameaça direta ao país, apesar de Washington citar que o alvo era apenas o Irã. Agora, Obama disse que os dois lados concordaram em ampliar as conversas sobre um plano de defesa dos EUA para a Europa.

A Rússia já afirmou que pode desistir do novo tratado, caso se sinta ameaçada pelo sistema de defesa dos EUA.

Na quinta-feira, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China elogiou o tratado firmado por Rússia e EUA. A funcionária ressaltou ainda a natureza "defensiva" do programa nuclear de Pequim, que não pretende ser o primeiro a usar armas nucleares "sob quaisquer circunstâncias, em qualquer época".

O acordo nuclear deve agora ser ratificado pela legislatura russa e pelo Senado norte-americano. Nos Estados Unidos, o grupo de Obama luta para conseguir os votos necessários e o próprio presidente está envolvido nessa tarefa. Ele declarou que está confiante que democratas e republicanos entenderão que os tratado protege os interesses dos Estados Unidos. "Eu estou confiante de que seremos capazes de ratificá-lo", disse Obama.

Mas as perspectivas de ratificação do tratado ainda são incertas Democratas afirmam esperar que o tratado seja ratificado até o final do ano, mas isso vai depender das considerações sobre os documentos técnicos que acompanham o documento.

Obama disse que o tratado ajuda a melhorar a confiança entre os dois países e pode ajudar na solução de diferenças sobre a questão nuclear. "Eu sou um otimista, assim como meu colega norte-americano. Eu acredito que seremos capazes de chegarmos a um ajuste", afirmou Medvedev.

Além de cortar os arsenais nucleares, os Estados Unidos veem o novo tratado como parte importante nos esforços de retomada dos laços com a Rússia, mal tratada durante o governo Bush, e engajar Moscou em outras questões nucleares, incluindo o arsenal nuclear da Coreia do Norte e as ambições nucleares do Irã.

O novo acordo é apenas parte da nova estratégia nuclear do governo Obama. Ele foi assinado poucos dias depois de a Casa Branca ter anunciado uma mudança fundamental em sua polícia de uso de armas nucleares, mas as iniciativas dos Estados Unidos nesse sentido não acabaram. Líderes de mais de 40 países vão se reunir em Washington na próxima semana para discutir melhorias na segurança de materiais nucleares. A Casa Branca também planeja liderar os pedidos de desarmamento em maio durante uma conferência internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) para o fortalecimento do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

AIEA

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, saudou nesta quinta-feira a assinatura do tratado entre Estados Unidos e Rússia sobre o corte dos arsenais nucleares dos dois países.

"Reduzir o papel e o número de armas nucleares é um passo positivo na direção de um mundo seguro e pacífico, livre de armas nucleares, e que pode ter impacto positivo nos esforços de não-proliferação", disse Amano em comunicado.

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