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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu hoje informar aos países da União Europeia detalhes sobre os programas de espionagem feitos pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês).

A declaração é a primeira após as fortes críticas de países europeus à possibilidade de eles e órgãos da União Europeia terem sido espionados pelos Estados Unidos. A denúncia foi revelada pelo técnico de informática Edward Snowden e publicada na revista alemã "Der Spiegel".

Em entrevista coletiva na Tanzânia, Obama minimizou a polêmica em torno da vigilância aos seus aliados e disse que todos os serviços de inteligência do mundo buscam informações adicionais sobre outros países, inclusive a União Europeia.

"Devemos entender que todo serviço de inteligência tentará compreender melhor o mundo. Se não fosse esse o caso, não haveria necessidade de um serviço de inteligência. E eu garanto que há temas que nos interessam em capitais europeias, coisas que poderiam me fazer cancelar uma reunião com seus líderes".

A tensão deste fim de semana começou após a revista alemã "Der Spiegel" afirmar que a NSA teve acesso a conteúdos de conversas confidenciais como e-mails e arquivos de computadores da representação da UE em Washington.

Para executar as atividades de espionagem, microfones teriam sido instalados no edifício e a agência teria acessado sua rede de informática. Medidas semelhantes teriam sido tomadas contra a missão da UE às Nações Unidas em Nova York.

O semanário alemão afirmou ainda que o monitoramento dos EUA era mais intenso em relação à Alemanha. Cerca de 500 milhões de conexões de comunicação do país eram monitoradas a cada mês. Também teriam sido feitas escutas na sede principal do Conselho da UE e no quartel-general da Otan, em Bruxelas.

Irritados

Mais cedo, diversos líderes europeus manifestaram sua irritação com a descoberta do monitoramento feito pelos Estados Unidos. Eles dizem que, caso comprovado, o plano de espionagem prejudicará as negociações para a formação de uma área de livre comércio com os Estados Unidos, que continuam na semana que vem.

O mais enfático foi o presidente da França, François Hollande, que pediu a paralisação imediata dos diálogos. "Nós sabemos que alguns sistemas precisam ser controlados por causa de ameaças contra o terrorismo, mas eu não acredito que esse risco exista em nossas embaixadas ou na União Europeia".

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que o comportamento americano prejudicará a criação de uma nova área de livre comércio entre as duas regiões. Ele comparou a situação ao período da Guerra Fria, em que países dos blocos capitalista e comunista tinham redes de espionagem ativas.

"Europa e Estados Unidos são sócios, amigos, aliados. A confiança tem que ser a base de nossa cooperação e deve ser restabelecida neste campo. Isto não é mais a Guerra Fria".

A Grécia e o Japão também abriram investigações sobre o caso. A Itália disse que espera as explicações dos Estados Unidos sobre o esquema. Questionado, o Reino Unido disse que não comenta suas estratégias de inteligência.

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