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Obama (centro) com auxiliares do sistema nacional de segurança. Presidente americano manteve sistema da era Bush | Jason Reed/Reuters
Obama (centro) com auxiliares do sistema nacional de segurança. Presidente americano manteve sistema da era Bush| Foto: Jason Reed/Reuters

Política externa dos Estados Unidos enfrenta resistências

Nas duas últimas semanas, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discutiu com seu homólogo chinês, Xi Jinping, sobre segurança cibernética, discutiu com líderes mundiais sobre Síria e comércio, declarou seu desejo de reduzir as armas nucleares norte-americanas e russas e deu passos tímidos rumo a uma reconciliação no Afeganistão. Em cada caso, o presidente está se alinhando a um processo com um objetivo remoto e fadado a um provável insucesso.

Em Berlim, na quarta-feira, Obama advertiu que a União Europeia (UE) poderia "perder uma geração" se não ajustasse suas políticas econômicas para enfrentar o alto desemprego dos jovens. A chanceler alemã Angela Merkel insistiu em que seu governo estava comprometido em ajudar seus parceiros europeus nas nações atingidas pela crise. "Se estivéssemos conduzindo políticas que prejudicassem outros países, estaríamos prejudicando a nós mesmos."

Dois dias antes apenas, Obama e Putin haviam examinado a situação da Síria. Com a disposição atual de Obama de fornecer armas a rebeldes sírios, Putin encerrou a cúpula do G-8 advertindo contundentemente que as forças de oposição incluem criminosos. "Os europeus estarão dispostos a entregar armas a essa gente?", perguntou.

Mesmo um desenvolvimento potencialmente animador no Afeganistão, nesta semana, adquiriu um tom amargo quando o presidente afegão Hamid Karzai declarou que não faria negociações de paz com o Taleban a menos que os Estados Unidos se retirassem das negociações.

Nenhuma relação ilustra melhor os desafios de política externa para Obama do que a existente entre Estados Unidos e China. Ao se reunir com Xi, na Califórnia, há duas semanas, Obama confrontou o presidente chinês sobre reclamações americanas de ciberataques chineses a companhias americanas, advertindo que a questão poderia prejudicar as relações fundamentais entre os dois países. Após a reunião, autoridades chinesas disseram que Xi refutou a existência de qualquer forma de espionagem cibernética e declinou de qualquer responsabilidade por ataques contra os Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no poder há cinco anos, preside um sistema de segurança nacional que em muitas maneiras lembra o que foi deixado para trás pelo ex-presidente George W. Bush. Aviões não tripulados estão matando suspeitos de "terrorismo", a prisão de Guantánamo detém "combatentes inimigos" por tempo indeterminado e sem direito a defesa e o governo secretamente coleciona históricos telefônicos de milhões de norte-americanos.

Isso tudo apesar do fato de Obama ter concorrido à presidência em 2008 como um candidato anti-Bush que tiraria os EUA do Iraque, daria fim à tortura e redefiniria as políticas externas. Mas, mesmo dando fim à Guerra do Iraque, mudando os padrões de interrogatório e buscando construir alianças externas, Obama também desapontou alguns aliados ao abraçar e, em alguns casos ampliar, políticas antiterroristas que fizeram com que Bush entrasse em conflito com defensores das liberdades civis.

Nos últimos dias, a imprensa revelou que o governo colecionou históricos telefônicos de milhões de norte-americanos em nome da segurança nacional e conduziu um programa de monitoramento pela internet que acompanha o movimento das pessoas. Ambos os programas são ancorados pelo Ato Patriota da era Bush, que foi confirmado duas vezes pelo Congresso, com o apoio de Obama.

A revelação ocorreu duas semanas após o presidente declarar, em discurso, que no que diz respeito à segurança da nação os EUA estão em uma "encruzilhada". Ele também propôs uma estratégia mais focada no combate ao terrorismo. Mesmo provocando o debate sobre o equilíbrio apropriado entre segurança e liberdade, as notícias de vigilância telefônica e online destacaram que Obama, assim como Bush, tem grande preocupação com um ataque terrorista em solo norte-americano.

"A principal prioridade do presidente dos EUA é a segurança nacional e a proteção do país e temos que garantir as ferramentas necessárias para combater a amea­ça representada por terroristas", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, ao defender os históricos telefônicos. Segundo ele, esse programa é uma "ferramenta crucial para defender o país de ameaças terroristas".

Politicamente, Obama tem se beneficiado de suas medidas contra o terrorismo, principalmente da morte de Osama bin Laden em 2011. Durante sua campanha de reeleição, no ano passado, Obama obteve altas taxas de aprovação nas pesquisas de opinião por seu histórico relacionado à segurança nacional.

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