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Ursinhos de pelúcia, flores e velas se acumulam na rua da escola Sandy Hook, em um memorial às vítimas do massacre | Spencer Platt/Getty Images/AFP
Ursinhos de pelúcia, flores e velas se acumulam na rua da escola Sandy Hook, em um memorial às vítimas do massacre| Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP

Heroísmo

Filha de brasileiros foi salva por professora

"A professora de música abriu a salinha anexa, onde ficam os instrumentos musicais, colocou todas as crianças sentadinhas ali e se escondeu com elas lá dentro. Por isso a minha filha está viva."

O mecânico carioca Arnaldo Porto rememora a experiência da filha Gabriela, 9, na escola primária de Sandy Hook, onde o atirador Adam Lanza, 20, matou 20 crianças e seis adultos antes de se suicidar, na sexta-feira.

Gabriela ouviu um tiro pelo sistema de alto-falante da escola. Rapidamente, a professora trancou a porta da sala e escondeu as crianças, que começaram a chorar, assustadas. A professora pediu que todas ficassem caladas e deu balas para elas.

"Recebemos um comunicado automático dizendo que a escola havia sido fechada, uma emergência", conta Arnaldo.

"Só que ligaram depois para a Alessandra, minha mulher. Uma americana dizia que estava com minha filha e outras crianças no Corpo de Bombeiros e que era para buscá-la. Como eu estava em casa, fomos buscá-la os dois."

De olhos fechados

A filha estuda desde os cinco anos na escola e está em seu último ano ali – o estabelecimento só oferece aulas do jardim da infância à quarta série.

Segundo o pai, a escola é uma das melhores do país e já ganhou vários prêmios. Ele esteve lá no dia anterior para um ensaio aberto de um show musical que a professora que salvou sua filha preparava.

O pai diz que a filha escapou por uma saída alternativa e não passou pelo local do massacre – a polícia abriu a sala e as crianças saíram de olhos fechados, em fila.

O casal brasileiro tem dois filhos nascidos nos EUA: Gabriela e um irmão mais velho. Alessandra trabalha como babá, e Arnaldo, numa oficina.

Ontem, Peter Lanza, o pai do atirador, expressou condolências aos familiares: "Como muitos de vocês, estamos entristecidos e tentando extrair algum sentido do que aconteceu".

O presidente dos EUA, Barack Obama, participou ontem de um ato ecumênico em Newtown, Connecticut, para lembrar as vítimas do massacre ocorrido em uma escola da cidade na última sexta-feira. A visita foi confirmada pela Casa Branca depois que uma igreja da cidade foi esvaziada na manhã de domingo, devido a falsas ameaças de bomba feitas por telefone. Obama também visitou privadamente algumas das famílias das vítimas.

Esta foi a quarta visita do presidente a cidades onde aconteceram massacres. Em julho deste ano, Obama esteve em Aurora, no Colorado, onde um homem havia matado 12 pessoas em um cinema. Em janeiro de 2011, ele foi a Tucson, no Arizona, onde um atirador havia matado seis pessoas e ferido outras 13, entre elas a deputada federam Gabrielle Giffords. Em novembro de 2009, Obama visitou Fort Hood, no Texas, para discursar em um serviço religioso em memória aos 13 militares que haviam sido mortos por um soldado.

Investigações

Ontem, a polícia de Con­­necticut confirmou oficialmente que Adam Lanza, 20, foi o autor do ataque à escola Sandy Hook, em New­­town, e que ele matara a mãe, a colecionadora de armas Nancy Lanza, em casa antes de se dirigir à escola. Segundo a polícia, Adam usou um fuzil de modelo AR-15 e duas pistolas. As armas estavam no nome de sua mãe, embora aparentemente ele tenha tentado conseguir mais armamento nos dias anteriores ao ataque.

Segundo o jornal Washing­­ton Post, a mãe de Adam Lan­­za chegou a mostrar as armas para algumas pessoas e parecia orgulhosa delas.

De acordo com o governador de Connecticut, Dannel Malloy, em entrevista ao pro­­grama This Weel, da rede de televisão ABC, o autor do massacre cometeu suicídio assim que ouviu a polícia chegar, por isso poderia ter planejado um massacre ainda maior.

"Supomos que foi durante o tiroteio na segunda sala de aula; ouviu que alguém se aproximava, e, aparentemente, em resposta a isso, decidiu suicidar-se", disse Malloy. O governador não deu informações sobre o motivo que levou Lanza a cometer o massacre e especificou que a polícia não encontrou cartas ou diários que pudessem lançar luz sobre o assunto.

Malloy informou ainda que o atirador entrou no centro de ensino depois de disparar contra uma porta de vidro e, em seguida, iniciou o massacre. "Entrou na escola aos tiros. As portas estavam trancadas. Utilizou uma arma para quebrar o vidro e depois entrou", disse o governador.

Wayne Carver, diretor do Departamento Legista de Connecticut, informou no sábado que todas as vítimas receberam pelo menos três tiros, e assegurou que o ataque ocorrido no colégio Sandy Hook foi "o pior" que viu em seus 31 anos de carreira.

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